É UM IMENSO PRAZER COMPARTILHAR IDEIAS, PENSAMENTOS E CONHECIMENTO COM VOCÊ.

Tradutor

Translate

sábado, 18 de agosto de 2012

Histórias bíblicas na aprendizagem



 | Por Charlotte Fermum Lessa
Qual é a criança que não gosta de ouvir histórias? Desde Chapeuzinho vermelho até Pinóquio, o imaginário das crianças recebe farta alimentação. Meninos gostam especialmente dos super-heróis, buscando neles algo que gostariam de viver na realidade.

REFLEXÃO

Lanço aqui algumas questões que certamente já passaram pela cabeça de muitos professores. Meditando eu mesma nelas, encontrei algumas respostas, com as quais você pode concordar ou não. Ei-las:

1. Sendo que os contos de fadas e as histórias fictícias costumam fazer parte do dia a dia dos nossos alunos, que proveito podemos tirar desses contos e histórias, como professores, em sala de aula?

Um dos principais objetivos dos contos de fadas dentro dos saberes da psicologia é justamente detectar os conflitos que geram angústia na criança. E, conforme Sara Paín (1996), a fantasia serve para produzir o desejo a partir do impossível. Na sala de aula, portanto, o professor tem objetivos específicos ao usar os contos de fadas.

2. Qual é, então, o objetivo da abordagem pedagógica dos contos de fadas?

Sara Paín afirma que “a máquina de fabricar pensamentos cognitivos é completamente distinta da máquina de fabricar pensamentos simbólicos ou dramáticos. É distinta porque são distintos os mecanismos, são distintas as operações e são distintos os resultados, ou seja, as categorias que os produzem” (1996, p. 25). Note como a psicóloga argentina didatiza esse conceito:

 PENSAMENTO   CONHECIMENTO   DESEJO  
 Inconsciente Realidade Fantasia  
 Objetividade Subjetividade  
 Possível Impossível
 Mecanismos Mecanismos
 Assimilação Projeção
 Acomodação Identificação
 Circularidade Repetição
 Inibição Repressão
 Esquemas sensório-motores   Esquemas
 Representação  
 Afeto
 Operações lógicas Operações retóricas  
 Classificação Metáfora
 Seriação (ou sequência)     Metonímia
 Consciente Categorias Categorias
 Objeto Ego
 Tempo Superego
 Espaço Id
 Causalidade
 Número    


Essas são, segundo a autora, as "estruturas do conhecimento e do desejo". O professor, apesar de estar relacionado com a motivação para o desejo de aprender, não entra nas questões mais profundas da subjetividade da criança, como o faria uma psicóloga ou psicopedagoga. Assim sendo, se o conto usado em sala de aula cumpre a função de motivar para o desejo de aprender, o professor está cumprindo seu papel.


(Imagem: JoCard)
3. Existem outros meios, que não sejam histórias fictícias, para motivar o desejo de aprender?

As histórias bíblicas são excelentes substitutos. Como exemplo, vamos citar a história de Davi, que apresenta uma riqueza de aspectos conscientes e inconscientes, tanto dentro da estrutura da construção do conhecimento quanto da do desejo. (Estamos nos atendo aos aspectos da motivação para a aprendizagem; portanto, não vamos focalizar o aspecto espiritual neste momento.) Quanto à estrutura da construção do desejo, vamos apenas delinear alguns possíveis aspectos do impossível no enfoque da história de Davi. (Para acompanhar o pensamento, veja 1 Samuel 16 e 17.)

ANÁLISE DA HISTÓRIA DE DAVI

Pensamento inconsciente

1. Conhecimento


“A objetividade instaura a realidade, isto é, aquilo que nós consideramos real, que está fora de nós, cujas leis não podemos modificar. Podemos repensar, mas não podemos anular essas leis” (PAÍN, 1996, p. 21).

1.1 Realidade

Objetividade 

  • Família de um fazendeiro (Jessé) que tinha oito filhos.
  • Davi era o caçula.
  • Davi era o responsável pelo cuidado das ovelhas do pai.

Possível

  • Davi continuar cuidando das ovelhas enquanto um dos irmãos mais velhos era escolhido para ser o rei de Israel.
  • Davi ser considerado pelo pai incompetente e imaturo para o cargo.
  • Davi ser alvo da inveja dos irmãos.

1.2 Mecanismos

Assimilação

  • Como pastor de ovelhas, Davi tem que enfrentar as intempéries, o medo, a solidão, o trabalho duro (conformando-se com seu papel).
  • Como músico, Davi tem que tocar harpa a fim de acalmar o rei. (Assim, entra em contato com a corte e conhece a vida nesse meio.)

Acomodação

  • Davi desenvolve iniciativa, liderança, confiança em Deus, coragem, pontaria, música e poesia.
  • Davi aprende a se portar como nobre muito antes de se tornar rei.
  • Davi aprende a ser guerreiro muito antes de entrar para o exército do rei.

Circularidade

Suas entradas e saídas do palácio real ajudam Davi a entrar em contato com o simples e comum e novamente com o complexo e sofisticado. Isso o prepara para escolher seu próprio estilo.

Inibição

A princípio, Davi ainda não sabe como agir no novo ambiente. Está tímido e receoso. (Com o tempo vai percebendo qual a conduta mais adequada e o que deve evitar. Vai adquirindo confiança, o que o faz se sentir mais seguro.)

Esquemas sensório-motores
Davi tem tempo de admirar as belezas da natureza, compor hinos em sua harpa, treinar pontaria com sua funda e usar o corpo, a agilidade e a força física para enfrentar situações de perigo.


(Imagem: JoCard)
1.3 Operações lógicas

Classificação

Davi escolheu entre coragem e medo, ousadia e covardia, confiança e incredulidade, povo de Deus e incircuncisos, fé e presunção, mal e bem.

Seriação

Passos dados por Davi: 

1. Pesquisou o ambiente da batalha.
2. Ofereceu-se para salvar a honra de Israel.
3. Recordou o cuidado de Deus por ele nos pastos de seu pai.
4. Recusou a armadura do rei, que atrapalharia seus movimentos.
5. Pegou suas próprias armas: o cajado, a funda, cinco pedras lisas do riacho e o alforje, onde pôs as pedras.
6. Aproximou-se do gigante.
7. Engrandeceu o poder de Deus.
8. Manteve o foco, percebeu o descuido e atirou a pedra em direção ao único lugar desprotegido do filisteu: a testa.
9. Derrubado o gigante, imediatamente correu para cima dele e decepou-lhe a cabeça.

2. Desejo

“O subjetivo se instaura na irregularidade, se constitui na esfera do desejo e é o que nos diferencia como pessoa singular. O desejo é algo que falta; não existe na realidade. Para que haja desejo tem de haver falta. Assim, o desejo se instaura em uma irrealidade. A realidade não é somente a realidade deste momento, mas também a realidade do que é possível. Portanto, o pensamento é o pensamento do que eu projeto como possível, dentro da realidade. Na ordem do desejo, ao contrário, o que se pensa é o impossível" (PAÍN, 1996, p. 21).

2.1 Fantasia

Impossível

O caçula ser escolhido por Deus para ser o próximo rei de Israel.
Um simples pastor de ovelhas adolescente ser chamado para cantar para o rei.
Um garoto de 17 anos vencer um urso e um leão.
Um garoto derrotar um gigante amedrontador.

II. Pensamento consciente


“Os mecanismos e as operações servem para criar categorias de pensamento. As categorias do pensamento objetivo são: objeto, tempo, espaço, causalidade, número” (PAÍN, 1996, p. 54). 

1. Conhecimento

1.1 Categorias

Objeto

Derrotar o filisteu, confiando no poder de Deus. Davi sabia o que queria.

Tempo

Davi rejeitou a armadura real, que atrapalhava sua movimentação, o que o faria perder tempo e o foco, e foi ágil no uso da funda. Percebeu exatamente o momento de lançar a pedra.

Espaço

Davi calculou exatamente uma distância segura para evitar risco desnecessário e, ao mesmo tempo, acertar o alvo – a testa do gigante.

Causalidade

Davi não se conduziu impulsivamente. Sabia por que estava lá: tinha consciência de que não poderia permitir que aquele filisteu afrontasse a honra de Deus. Tinha uma percepção global da realidade e só avançou depois de traçar estratégias baseado na hipótese de que sua experiência o ajudaria.

Número

Calculou a possibilidade de erro. Pegou cinco pedras no ribeiro que o separava do inimigo. Acertou na primeira tentativa.


(Imagem: JoCard)
CONCLUSÃO

Pudemos ter uma noção dos atos inconscientes e conscientes de Davi, os quais o levaram ao sucesso. Como tudo isso se relaciona com o desejo de aprender?

1. Davi aceitou sua realidade.
2. Davi passou pelos duros processos da aquisição do conhecimento.
3. No momento da demanda, Davi desejou o impossível.

Quando uma criança não sente desejo de aprender, algo está errado. O professor, ao contar histórias como as de Davi, pode mostrar a ela que é possível atingir o impossível (aprender), se ela desejar realmente, como Davi desejou. Isso não precisa ser dito explicitamente. A criança acabará inferindo por si mesma. Peça sabedoria "a Deus, que a todos dá liberalmente” (Tiago 1:5, RA).

ATIVIDADES SUGERIDAS

Estas atividades devem ser feitas sem que se explique sua intenção, com a participação de todos os membros da classe, inclusive da(s) criança(s) que se quer(em) recuperar. 

1. Dramatização

Dramatizar as partes que mais se encaixam no perfil inseguro da criança. O aspecto da objetividade pode trazer à tona a subjetividade, trazendo seus conflitos à consciência, o que ajudará a criança a lidar com eles. 

Depois da dramatização, formar um círculo pedindo que cada criança fale sobre como se sentiu durante o processo. A devolutiva do professor deve ser concisa e sutil, jamais expondo a criança em questão, sempre falando ao grupo.
Tempo da dramatização: 10 ou 15 minutos no máximo.

Tempo da dinâmica: 40 minutos ou mais, para que todos possam falar.
O professor deve fazer anotações referentes às participações, principalmente das crianças com problemas, e depois encaminhá-las para a psicóloga da escola ou psicopedagoga.

2. Desenho

Depois de contar a história, pedir que as crianças façam um desenho daquilo que mais as impressionou. Pedir que elas falem sobre o desenho e expliquem porque aquele aspecto as impressionou. (Valorizar o que cada criança diz, mesmo que seja muito pouco.) 
Os detalhes mais significativos devem ser anotados e encaminhados sigilosamente para a psicóloga escolar ou psicopedagoga.

3. História escrita ou recontada 

Depois de contar a história, pedir que as crianças a recontem, escrevendo-a. Caso a criança não consiga escrever, pedir que ela se aproxime e conte sua versão só para o professor ouvir. 

Os detalhes mais significativos devem ser anotados e encaminhados sigilosamente para a psicóloga escolar ou psicopedagoga.

OUTRAS HISTÓRIAS BÍBLICAS

Outras histórias próprias para esse fim são as de Sansão, José e Daniel. Todas apresentam a aprendizagem e a superação como algo desejável além de situações impossíveis. 

Boa sorte e até nosso próximo encontro!

Referência bibliográfica
PAÍN, Sara. Subjetividade/objetividade – relações entre desejo e conhecimento. São Paulo: Cevec, 1996.

Artigo reproduzido do site: http://www.educacaoadventista.org.br

sábado, 11 de agosto de 2012

Reflexões...

Olhar...
Focar...
Perceber...
Penetrar...
Sentir...
Trocar...
Descobrir...
Mostrar...

no movimento de cada parte do nosso corpo janelas são abertas e um universo infinito se abre diante de nós.
Se abrem as janelas do olhar o novo e o velho, o diferente, o peculiar, o inesperado, o repentino, o espetacular, o simples e o complexo...
janelas em que se pode focar nos grandes feitos e também nos pequenos detalhes...
janelas do se perceber e janelas de se perceber no outro...
janelas que nos permitem penetrar onde se quer mostrar ou onde não queremos nos mostrar...
janelas que nos permitem sentir uma gama de emoções e nos reconhecer ou conhecer o outro em cada uma delas...
janelas nas quais nos permitimos nos mostrar e sermos vistos tal como verdadeiramente somos!!!!!!!!
E para que todas estas janelas se abram é necessário apenas que em algum lugar, alguém se permita olhar e ser olhado, tocar e ser tocado, ver e ser visto, ler o outro ou ser uma leitura do outro.

Nos encontre em

Diretório de Blogs 0859442f-81ec-4876-b2eb-427bd1bcdfe8


Tecnologia do Blogger.
 
CANTINHO DO BLOG © Copyright 2012.LAYOUTS E TEMPLATES GRÁTIS PARA BLOGS CLIQUE AQUI