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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Importância da Expressão Corporal em Arteterapia

A primeira experiência de comunicação do ser humano é sensorial. Ainda no ventre materno, recebemos estímulos que desencadeiam em nós uma série de reações. Ao nascimento, o primeiro contato com o mundo se dá pela pele, pelo tato. Nesse período, criamos vínculos, experimentamos sensações, preparamo-nos para nos tornarmos seres independentes no futuro, capazes de desenvolver formas cada vez mais especializadas de comunicação. Porém, a linguagem corporal continua sendo de fundamental importância para uma vida sadia; não há como desfazer os laços que unem o homem a esta forma primeira de comunicação. Em arteterapia, as experiências sensoriais e a linguagem corporal são duas formas de expressar o simbólico.
O homem é um ser social, um ser de relações que, desde a Pré-História, procurou desenvolver meios de comunicar-se para atender às suas necessidades de sobrevivência. Ao longo do tempo, a comunicação do homem primitivo, que antes era feita por meio de gestos e dos ritmos da natureza, aperfeiçoou-se, configurando-se em linguagens.
Nesse sentido, a linguagem, produto da inteligência e da subjetividade humana, faz-se presente para representar simbolicamente o ausente, por meio de respostas imediatas às estimulações perceptivas, ou de representações convencionais e arbitrárias.
Podemos afirmar que a prática simbolizadora é expressão da subjetividade e da consciência humana. Símbolos são ferramentas da mente, que usamos desde os primórdios, nem sempre de maneira convencional.
De acordo com SEVERINO (1992), a consciência subjetiva é um fator antropológico, dado o seu poder de intervenção na atividade produtiva e social dos homens. Possui finalidades pragmáticas, no sentido de estar ligada aos mecanismos de sobrevivência, mas também está associada à representação simbólica de todos os aspectos da realidade.
A experiência subjetiva do homem é uma sensibilidade intelectual e racional, mas também valorativa, ética, estética, religiosa etc. Toda produção decorrente dessa atividade subjetiva se expressa objetivamente por meio de bens culturais, de natureza simbólica, como a linguagem – sistema simbólico de comunicação – e a arte – expressão objetivada da sensibilidade estética.
Assim, a prática simbolizadora está em trazer “para fora” o que se sente, com a utilização de recursos expressivos, de símbolos que permitem uma comunicação de níveis mais profundos com a consciência.
 A Arteterapia surge, então, para utilizar a força da experiência criadora como forma de autoconhecimento e de transformação do ser humano. Por meio da leitura dos produtos da expressividade do indivíduo, busca auxiliá-lo a encontrar o equilíbrio entre o fazer, o agir e o pensar.
Desse modo, a criatividade ocupa posição central entre a arte e o processo terapêutico, pois o fazer criativo fornece a base para a leitura do que pode ser transformado. O fazer criativo vai além do cotidiano e do social; passa para o transpessoal, o universal e o espiritual.

O fazer criativo sempre estará carregado da subjetividade de quem o exerce, e a expressará em plenitude através dos diversos símbolos empregados nas imagens que surjam. Desta forma, através de uma observação mais cuidadosa, possibilitada pela relação terapêutica, as construções e criações reveladas constituem-se em meios de autoconhecimento que, bem compreendidos, podem auxiliar no desenvolvimento do ser (COUTINHO, 2005, p.44).

De acordo com COUTINHO (Op. cit.), a criação artística, de fato, ajuda o indivíduo a reforçar seus aspectos saudáveis. Abre as portas da sensibilidade, possibilitando a construção de meios para a transformação pessoal.
Mas antes de partir para a criação artística, é necessário que o arteterapeuta favoreça ao indivíduo um contato consigo para poder externalizar o sentimento que proporcionará a transformação. A expressividade espontânea, antes das artes, está na linguagem corporal. O corpo também é um canal de comunicação entre consciente e inconsciente, tornando-se fundamental o reconhecimento da consciência corporal, a partir da qual se obtém maior domínio do corpo e do espaço e, por conseguinte, maior segurança.
Para WEIL & TOMPAKOW (1986), o homem é programado para perceber e discernir, mas o hábito de atentar para as ferramentas-símbolo (palavras) afastou-o da percepção consciente do “aqui e agora”.
Sintomas físicos e emocionais são um chamado do inconsciente, e a ausência de um contato mais íntimo consigo pode levar o indivíduo ao adoecimento. O corpo fala, e é preciso reconhecer essa linguagem.
“Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros. E eles têm muita coisa a dizer para você. Também nosso corpo é antes de tudo um centro de informações para nós mesmos. É uma linguagem que não mente...” (WEIL & TOMPAKOV, 1986, p.7).
A linguagem do corpo expressa nossos pensamentos, nossas emoções e nossas reações instintivas. Podemos observar o estado emocional de uma pessoa lendo a sua expressão corporal. Trata-se de perceber em vez de apenas olhar.
WEIL & TOMPAKOW (Op. cit.) afirmam que um simples movimento de cruzar e descruzar os braços em determinada situação pode ser um gesto inconsciente, relacionado com o que se passa no íntimo das pessoas. Nossa linguagem corporal anseia por afirmar o nosso “eu”. O homem não consegue esconder sua linguagem inconsciente, e percebê-la é de grande importância para que as pessoas se compreendam melhor e se relacionem melhor.
Os gestos também fazem parte da expressão artística, o que se pode observar com mais nitidez nas crianças. Seus movimentos, ao produzir os primeiros rabiscos, vêm carregados de conteúdos e de significações simbólicas.

Quando desenha no papel, objeto que existe fora dela, a criança interage com ele, com o lápis, a cor, o chão, a parede, ligando a sua ação com os mais diversos movimentos corporais: exclama, canta, balança-se ou até manifesta o silêncio. A criança promove uma comunhão entre ela e o meio; entre ela e o cosmos. A propriedade que a criança estabelece com os seres, com os objetos, com as situações, depende da intensidade afetiva, do tônus energético que ela mantém como qualidade de relação com o mundo.
Tal como o instrumento é o prolongamento da mão, o mundo é o prolongamento do corpo. A relação física sensorial que a criança estabelece com o desenho possibilita a experiência de novas realidades (DERDYK, 2003, p.60).

Ao longo do tempo, têm sido desenvolvidos métodos e técnicas que conseguem mudar muitos de nossos estados emocionais, e até atingir a estrutura da nossa personalidade: a Arteterapia é uma delas.
BAPTISTA (2003), no entanto, afirma que expressão corporal é pouco utilizada pelos arteterapeutas em detrimento de outras formas expressivas, porém é um dos canais mais expressivos da Arteterapia, abrangendo uma infinidade de técnicas e de propostas, como o toque, a massagem e o movimento, por exemplo.
Para a autora, o trabalho corporal pode ser o fio condutor do processo terapêutico, uma vez que corpo e mente estão sempre ligados; processos psíquicos e biológicos se processam no corpo..
As primeiras vivências do ser humano estão relacionadas aos aspectos sensoriais, ficando registradas em nossa memória corporal. A pele é o maior órgão do corpo humano, e também possui papel importante no desenvolvimento do homem, pois o tato é o primeiro sentido a se desenvolver.
A pele, portanto, é o primeiro veículo de comunicação do ser com o mundo, proporcionando acesso às demais linguagens.
“(...) no tempo dos nossos ancestrais, a ‘consciência’ humana formou-se a partir do relacionamento sensorial da nossa pele com o mundo exterior” (JUNG, apud BAPTISTA, 2003).
A consciência corporal facilita a assimilação do mundo interior e exterior. “A expressão corporal fala para além das palavras, trazendo uma ponte direta para o universo do imaginário e simbólico. É do movimento espontâneo que nasce o arsenal simbólico de cada um” (BATISTA, 2003).
O trabalho corporal em Arteterapia, assim como a observação da forma dos movimentos naturais, permite a transformação dos símbolos trazidos do gesto para o concreto – expressão artística.
Embora o ser humano esteja dominando cada vez mais as novas tecnologias, e desenvolvendo meios de comunicação mais complexos e eficazes, não há como despojar-se do homem primitivo e seu sistema de comunicação. Embora muitas vezes procuremos nos apoiar em linguagens e gestos convencionais, nosso corpo é reflexo daquilo que somos e das experiências que trazemos.
Tornar-se ciente do corpo e das suas operações equivale a tornar-se ciente da alma, fazendo que o sujeito mergulhe profundamente em si próprio, de onde emergem, por meio da Arteterapia, tanto as impressões deixadas no em seu corpo, quanto os produtos concretos da subjetividade (gestual, figurativo, sonoro etc.).



Referências bibliográficas

ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo: Pioneira, 1998.

ARCURI, Irene Gaeta. Arteterapia de corpo & alma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

BAPTISTA, Ana Luísa. “Expressão Corporal na Prática da Arteterapia”. Disponível em: http://www.cebrafapo.com.br/artigo-expressao-corporal.htm. Acesso em 31 mar. 2008.

COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com crianças. Rio de Janeiro: WAK, 2005.

DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: o desenvolvimento do grafismo infantil. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2003.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

SANTAELLA, Lucia. Matrizes da linguagem e pensamento. São Paulo: Iluminuras, 2001.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992.


URBEN, Maria da Glória Medeiros. “A dinâmica da expressividade e de trabalhos dirigidos no contexto artístico-terapêutico”. In: Arte-Terapia: Reflexões. São Paulo: Sedes Sapientiae, 2004.


WEIL, Pierre; TOMPAKOV, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. 38. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.


Autora:
Juliana de Cássia Ribeiro - Possui graduação e licenciatura plena em Letras - Português/Inglês e especialização em Educação a Distância e Arteterapia. Tem experiência na área de Letras, Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e Tecnologia Educacional, com ênfase em preparação e revisão de textos, produção de materiais didático-pedagógicos e avaliações, design instrucional, tutoria em cursos on-line e formação de educadores.

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