Esta pesquisa tem como objeto apresentar reflexões e
buscar responder algumas indagações sobre a relação dos jogos e brincadeiras dentro
do processo ensino aprendizagem dos alunos portadores de necessidades especiais
e o jogo em seus usos sociais no âmbito da sala de aula.
Aqui vale Lembrar que Brasil (1998), “constituem um
instrumento útil no apoio às discussões pedagógicas, elaboração de projetos
educativos, planejamento de aulas, reflexão de prática educativa e análise de
material didático”. Tomar a temática dos jogos e das brincadeiras no processo ensino
aprendizagem, segundo diversos autores que abordam o tema afirmam que o jogo é
importante no processo educacional, assim surgem diversas questões como, por
exemplo: Por que trabalhar jogos no processo educativo? Quais os benefícios que
os jogos podem trazer no processo educativo? A fim de tentar responder essas
questões e outras mais que surgirem durante a elaboração deste trabalho de
pesquisa teórica, realizamos uma breve discussão sobre os conceitos de jogos e
sua natureza política, social e educacional, além de desenvolver capacidades
importantes tais como: atenção, concentração. Pretendemos, com essa análise,
tentar promover uma reflexão conceitual à análise de práticas de trabalhos com
os jogos no processo ensino aprendizagem de maneira prazerosa e que ao mesmo
tempo consiga suprir as necessidades de aprendizagem dos alunos, bem como
tentar mostrar que até mesmo as regras dos jogos são facilitadores do
desenvolvimento do raciocínio lógico, sensibilidade, percepção, entre outras
habilidades que podem ser desenvolvidas no processo ensino aprendizagem.
Pretendemos com o desenvolvimento dessa pesquisa, termos um referencial teórico
que possa nortear o trabalho pedagógico com jogos e brincadeiras, neste sentido
o professor poderá dar conta das diferenças e ser modificado à medida que vamos
incorporando novos conhecimentos a esse referencial por meio da interação com a
equipe escolar. Por isso podemos afirmar que também nossas práticas vão sendo
alteradas em função dessas vivências e de novas compreensões sobre o que é? Como
e por que trabalhar jogos no processo ensino aprendizagem como parte do
processo ensino aprendizagem?
Palavra
chave: reflexão, deficiência intelectual, jogos,
aprendizagem
Abstract
This research aims
to present discussions and seek to answer some questions about the relationship
of games and play in the learning process of students with special needs and
play in their social uses within the classroom. Here goes Remember that Brazil (1998),
"are a useful tool in supporting pedagogical discussions, development of
educational projects, lesson planning, reflection and analysis of educational
practice courseware."
Taking the theme of games and
play in the learning process, according to several authors who address the
issue say the game is important in the educational process, so many questions
arise such as: Why work games in the educational process? What are the benefits
that games can bring in the educational process? To try to answer these
questions and others that arise during the preparation of this work of
theoretical research, we conducted a brief discussion of the concepts of games
and its political, social and educational, as well as develop important skills
such as attention, concentration . We intend with this analysis, to promote a
reflection on conceptual analysis of work practices with games in the learning
process so enjoyable and at the same time able to meet the learning needs of
students as well as trying to show that even the rules Games are facilitators
of the development of logical thinking, sensitivity, perception, among other
skills that can be developed in the learning process. We intend to develop this
research, we have a theoretical framework that can guide the pedagogical work
with games and activities in this sense the teacher can realize the differences
and be modified as we incorporate new knowledge in this framework through the
interaction with school team. So we can also say that our practices are being
altered to fit these experiences and new understandings about what is? How and
why working games in the learning process as part of the learning process?
Keyword: reflection,
intelectual, games, learning disabilities
Introdução
Os anos transcorreram, mas as dificuldades de
aprendizagem, relacionadas às pessoas que apresentam limitações cognitivas
continuam sendo um desafio para os educadores.
Neste sentido o processo de inclusão das pessoas com
limitações cognitivas, assume um papel de destaque nos meios acadêmicos, no
sistema educacional e nas escolas considerando-se que o ambiente escolar é o
melhor lugar para integração de todos “os diferentes com os normais”.
Para Vygotsky o brinquedo
cria uma zona de desenvolvimento proximal (capacidade que a criança possui),
pois na brincadeira a criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está
habituada a fazer, funcionando como se fosse maior do que é.
O processo
ensino-aprendizagem que adota o jogo para se trabalhar com alunos deficientes
intelectuais, reveste-se de características peculiares, em que o ensino implica
num sujeito que aprende a partir de sua própria ação, ou seja, um aluno que
constrói ativamente o seu conhecimento, que executa a sua aprendizagem, em vez
de se colocar como alguém que recebe passivamente o que lhe é passado,
transmitido apenas pelo professor.
Na medida em que cresce,
a criança impõe ao objeto um significado. O exercício do simbolismo ocorre
justamente quando o significado fica em primeiro plano. Do ponto de
desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e
afetivas.
Ainda, segundo esse
autor, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a
regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto
nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras.
Podem aparecer também no desenho, como atividade lúdica.
Do ponto de vista
psicológico, Vygotsky atribui ao brinquedo um papel importante, aquele de
preencher uma atividade básica da criança, ou seja, ele é um motivo para a
ação.
Devemos trabalhar com o
“outro” a partir do que ele é capaz de ser, de fazer, de enfrentar, de assumir
assim suas atitudes vão se modificando através das experiências diárias em sala
de aula e nessa corrente podemos utilizar os jogos e brincadeiras para
desenvolver as particularidades de cada um dos envolvidos no processo
educacional.
Tanto Piaget quanto Vygotsky, destacam a contribuição do
jogo para o desenvolvimento da aprendizagem. Como esse tipo de trabalho com
jogos e brincadeiras são voltados a exploração de regras, atitudes e
estratégias, os alunos deverão se empenhar, ter confiança e confiar nas
relações interpessoais que se estabelecem durante a realização dessas
atividades, com isso esses alunos com deficiência intelectual e os "dito
normais” conseguiram resolver de maneira coerente determinadas situações que
possam vir a acontecer durante a realização desta atividade.
1.
Desenvolvendo, brincando e consequentemente aprendendo
Como estratégias metodológicas, os jogos e brincadeiras
proporcionam o desenvolvimento de habilidades cognitivas e facilitam a
construção do conhecimento. Esses recursos são de fundamental importância para
o trabalho com crianças com deficiência intelectual, pois elas apresentam
dificuldades em assimilar conteúdos abstratos.
Trabalhando com materiais concretos e atividades lúdicas
e práticas, a criança tem a possibilidade de criar, refletir, analisar e
interagir com os colegas e com o professor.
Segundo Piaget, os indivíduos adquirem o conhecimento
segundo o seu estágio de desenvolvimento, é a partir das diversas formas de
aquisição do conhecimento que se dá a aprendizagem.
Podemos entender melhor a importância das interações
sociais no desenvolvimento cognitivo, com o conceito, criado por Vygotsky, de zona
de desenvolvimento proximal, que é a distancia entre o que a criança faz
sozinha e o que ela pode fazer com a intervenção de um adulto. Potencialidade
para aprender, não sendo a mesma para todas as pessoas.
É na escola onde a intervenção pedagógica intencional
desencadeia o processo de ensino-aprendizagem e o professor é quem interfere na
zona de desenvolvimento proximal do aluno, fazendo com que o desenvolvimento
potencial se torne real.
Vygotsky afirma que ao brincar a criança reproduz regras,
vivencia princípios da realidade, e pelas interações requeridas pelo brinquedo
internaliza o real, promovendo o desenvolvimento cognitivo.
Segundo VYGOTSKY (1998, p.)
É enorme a influência do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança. No brinquedo, o pensamento está separado dos
objetos e a ação surge das ideias e não das coisas: um pedaço de madeira
torna-se um boneco e um cabo de vassoura torna-se um cavalo. O brinquedo é um
fator muito importante nas transformações internas do desenvolvimento da
criança.
No jogo e na brincadeira ela aprende a lidar com o mundo,
criando e recriando situações do cotidiano, adquire conceitos básicos para a
formação de sua personalidade, pois vivencia sentimentos variados.
O brincar preenche necessidades que variam conforme a
idade, e as brincadeiras por meio de jogos estimulam a curiosidade e a autoconfiança,
propiciando o desenvolvimento do pensamento, da atenção, da concentração e da
linguagem.
Os jogos favorecem a construção do conhecimento, porém
eles devem ser bem planejados, aplicados com objetivos claros e bem definidos,
considerando a idade e as limitações de cada aluno.
Sendo assim, o jogo vivido pela criança deficiente
intelectual permite a redução da distância entre o nível de desenvolvimento
real e o nível de desenvolvimento potencial e o papel do professor será sempre
o de mediador, o que lhe será exigido muito estudo, coerência e comprometimento.
Assumindo o potencial que tem o jogo no processo
ensino-aprendizagem, o professor será o responsável pela organização do espaço
físico e o construtor do espaço lúdico, não deixando de ser sócio-cultural. Sem
a intervenção do adulto, a criança deve participar das decisões e valorizar ao
máximo as possibilidades do jogo.
Considerando as dificuldades do deficiente intelectual, o
material a ser utilizado não poderá ser agrupado ao acaso, e sim de forma que
possibilite re-significações. Espaço lúdico coerente com as competências da
criança, não limitando a um universo simbólico específico.
Vários estudos, em especial os de Piaget e Vygotsky,
referem-se à relevância do jogo como promotor de aprendizagens, sendo elas de
conteúdos sistematizados ou não. Esses conteúdos têm origem nas interações
entre as crianças em situação de jogo, permitindo sua compreensão à medida que
novos conteúdos vão sendo integrados às estruturas anteriores, modificando-as.
Neste sentido vale lembrar, a importância da organização
curricular, que irá permitir ao professor, o verdadeiro conhecimento dos seus
educandos, suas características e necessidades, conforme propõe Mantoan (1989):
Limitações estruturais de natureza
orgânica, traduzidas por déficit motores sensoriais, favorecem trocas
igualmente deficitárias do sujeito com o meio, trazendo,como consequência, prejuízos ao funcionamento
intelectual, portanto, deficiências na forma de agir sobre o mundo,
representá-lo em pensamento e sistematizá-lo, do ponto de vista lógico.
O papel do professor, como artífice de um currículo, é o
de privilegiar as condições facilitadoras de aprendizagens que o jogo contém
nos seus diversos domínios afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo.
2. OS RECURSOS: JOGO, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Não podemos ter pretensão de esgotar as possibilidades da
relação da brincadeira e educação, nem tampouco de construir uma solução para
os problemas de aprendizagem. A brincadeira, segundo Macedo (2003/2004),
entendida como comunicação do pensamento e dos sentimentos humanos, representa
enorme valor e significa grande importância na formação da criança.
Para Macedo (2003/2004) a brincadeira passa a ser o
melhor caminho de iniciação ao prazer pela descoberta do mundo real.
Entretanto, deve ser usado pedagogicamente com rigoroso cuidado e planejamento,
pois a brincadeira pode ser marcada por etapas nítidas e que poderão
efetivamente acompanhar o progresso ou o insucesso da criança diante da sua
vida escolar, pois dependendo como os professores realizem o trabalho esse
momento que pode ser de puro prazer, torna-se para a criança um “castigo”.
Vemos que o trabalho realizado através da brincadeira em
seu sentido integral poderá ser o mais eficiente meio estimulador de ampliação
de vocabulário, imaginação entre outros aspectos, é também uma importante
ferramenta de compreensão de relações afetivas.
Essa compreensão permite trazer para a realidade da
criança o sentido de determinadas atitudes apreendidas através da imitação ou
representação.
A brincadeira como exercício pode significar uma
linguagem simbólica de diferentes formas de tentar sanar as dificuldades de
aprendizagem, podendo superar essas dificuldades que aparecem no dia a dia em
sala de aula, podendo numa atividade simples reproduzir através da imitação de
determinadas atitudes vivenciada através da brincadeira, solucionar esses
problemas através da integração da brincadeira.
Muitas vezes a
brincadeira tem uma função equivocada e sem objetivo de proporcionar
aprendizado.
Quando há esse
tipo de atitude do professor em relação à brincadeira o ambiente escolar
torna-se sem cunho educativo, podendo haver diversos tipos de consequências, ao
contrário do que muitos pensam essas atitudes podem marcar de maneira complexa
a vida escolar dessa criança ao invés de estimular a criança ao conhecimento do
mundo real ele muitas vezes estará afastando a criança do desenvolvimento do
pensamento infantil rumo à direção que não proporcionará o desenvolvimento da
criatividade, uma vez que esta encontra soluções diante do inusitado, mediante
a combinação do novo com o conhecimento prévio que a criança já possui.
Segundo Fortuna
(2003/2004) a brincadeira trabalhada de maneira errada poderá impedir a
ampliação do desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento esse necessário para
ressaltar a importância de experiências sensoriais usadas como ponto de partida
para as transformações da aprendizagem em ações ao pleno desenvolvimento da
aprendizagem.
Na brincadeira a
criança está sempre mais além do que a sua imaginação, permite criar processos
geradores para que a criança através da brincadeira busque satisfações
imediatas das suas necessidades e desejos, isso poderá gerar a diminuição da
capacidade de esquecer determinados conteúdos trabalhados durante a realização
da brincadeira.
Nesse contexto, o
conhecimento é construído através das relações interpessoais, sendo que as
trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a vida fornecem as matrizes
de significações na formação das crianças, pois sem esse conhecimento as
atividades que envolvem brincadeiras que são oportunizadas aos alunos não têm
objetivos pré-estabelecidos, não se dá a atenção devida e sem intervenção do
professor.
Por isso vemos
que antes de tudo o professor precisa ter pleno conhecimento teórico sobre os
reais benefícios da brincadeira para o desenvolvimento das crianças da educação
infantil, o professor trabalhando o verdadeiro papel da brincadeira,
possibilitando o contato com o outro e favorecendo a discussão das relações
estabelecidas nesta prática, atribuindo-lhe um espaço importante no respeito mútuo, da solidariedade destacando-o, assim
como trabalhar as diferenças e os direitos das
crianças em sua sala de aula.
Concluímos que um
ambiente escolar favorável e propício a todos, certamente implicará em um bom
desempenho escolar para todas as crianças.
Segundo Fortuna
(2003/2004) através da brincadeira, a criança lida com experiências que ainda
não consegue realizar de imediato no mundo real; vivencia comportamentos e
papéis num espaço imaginário em que a satisfação dos seus desejos pode ocorrer.
Essa aprendizagem
é mais frequente com os pares do que dependente de mero ensino, ter bastante
cuidado e atenção para que todos os componentes da brincadeira sejam explorados
e possam instigar a criança a conhecer outras brincadeiras feitas pelos outros
amigos.
Assim, na
brincadeira a criança vive a interação com seus pares na troca, no conflito e
no surgimento de novas ideias na construção de novos significados, na interação
e na conquista das relações sociais, o que lhe possibilita a construção de
representações, com isso, as crianças se tornam sujeitos concretos, sociais,
históricos e culturais – vão se constituindo como tais, num cenário que também
é concreto, social, histórico e cultural.
É através da
brincadeira que a imaginação, enquanto processo psicológico especialmente
humano, este processo, em gênese, relaciona-se com a capacidade de a criança
lidar com o mundo, atribuindo-lhe significados, além daqueles socialmente
estabelecidos; nesse sentido, segundo Macedo (2003/2004) conclui-se que é
através das relações com as brincadeiras é que a criança emancipa-se dos
limites do real.
Nesta perspectiva
a experiência do manuseio e contato com diferentes tipos de brincadeiras pode
garantir a qualidade da aprendizagem, procurando sempre incentivar as mudanças
em nós mesmos, no mundo que nos cerca, em determinadas situações do dia a dia
onde a criança passa a por em prática determinados comportamentos ou atitudes
que vivenciaram numa brincadeira com seu professor em sala nossa tarefa está
iniciada.
O contato da
população com diferentes tipos de brincadeiras muitas vezes isso só acontece na
escola, esse fator é um grande desafio para os professores comprometidos com a
formação de crianças através de troca de saberes e experiências e propiciando o
reconhecimento e a valorização da educação de qualidade, é uma tarefa
fundamental para se promover conhecimentos significativos e o fortalecimento de
vínculos entre toda a equipe escolar, que é outro fator que favorece bastante o
processo ensino aprendizagem.
Interagir e
construir novos conhecimentos a partir da brincadeira independentemente da
idade escolar das crianças expressa nas atividades desenvolvidas um caminho
decisivo para a interação dessas pessoas neste tipo de trabalho.
A brincadeira faz
parte da educação. Deixar essa experiência, saber o que dá certo e o que não dá
certo. A oportunidade de discutir sobre brincadeira é muito importante, pois
através dessas discussões podem servir para mostrar a verdadeira dimensão dessa
metodologia, por isso é que a escola desde a educação infantil tem que promover
e oferecer espaços para o trabalho com brincadeira e com isso oferecer
condições para que os alunos obtenham uma aprendizagem eficaz.
O jogo pode
passar a ser entendido como um instrumento simbólico e eficaz no processo
ensino aprendizagem, pois demonstra nitidamente a representação do pensamento e
dos sentimentos dos alunos envolvidos nesta atividade.
Se tornarmos como
ponto de partida essa definição, constatamos que nela está explícita a ideia de
que a aprendizagem através dos jogos se torna um instrumento que permitirá o
indivíduo ter acesso à informação e criar novos conhecimentos.
O jogo, comparável a um instrumento, é visto como capaz
de permitir a entrada do aprendiz no mundo escolar, seja desenvolvendo a parte
motora, seja criando condições diferenciadas para a produção de novos
conhecimentos. Embora possamos considerar esse aspecto do jogo, devemos
indagar: seria o jogo apenas um instrumento para acesso a conhecimentos?
Nesse sentido, é importante que o professor e toda a
equipe pedagógica escolar, devem ser orientados de modo que o uso dos jogos no
processo ensino aprendizagem proporcione a construção de habilidades para o
exercício efetivo e competente da construção do conhecimento.
Ao jogar o aluno é levado a se indagar sobre como jogar e
em que situação. Essas indagações favorecem a compreensão de como as relações
sociais são representadas e constituídas no e por meio do jogo. Porém este tipo
de trabalho precisa ser parte do projeto escolar.
Dessa forma, tais questionamentos possibilitam a
ampliação de nossa compreensão do jogo no processo ensino aprendizagem com
alunos deficientes intelectuais. Trabalhar o jogo no processo ensino
aprendizagem é uma opção. Acreditar que é possível aprender jogando é um
aspecto a ser refletido, pois não basta compreender o jogo apenas como a
aquisição de uma metodologia.
O ato de jogar é mais do que possibilitar o simples
domínio de uma metodologia, ele cria condições para a inserção do aluno em práticas
sociais de produção de conhecimento em diferentes instâncias.
Ciente da complexidade do ato de jogar, o professor é
desafiado a assumir uma postura política que envolve o conhecimento e o domínio
do que vai ensinar.
Piaget e Vygostsky atribuíram ao brincar, um papel
decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano, embora com
enfoques diferentes, como maturação e aprendizagem.
Ao brincar, é estimulado a curiosidade, a iniciativa e a
autoconfiança, proporciona também o desenvolvimento da linguagem, da
aprendizagem, do pensamento da concentração e da atenção.
Com jogos e brincadeiras os conteúdos, por mais difíceis
e maçantes que possa parecer, se tornam atividades prazerosas e interessantes.
Para Piaget os jogos não são apenas uma forma de
entretenimento, onde as crianças gastam energia, mas sim um meio que contribui
para o seu desenvolvimento intelectual.
Segundo IDE (2008, p.)
O jogo possibilita à criança deficiente
mental aprender de acordo com seu ritmo e suas capacidades. Há um aprendizado
significativo associado à satisfação e ao êxito, sendo este a origem da
auto-estima. Quando esta aumenta, a ansiedade diminui, permitindo à criança
participar das tarefas de aprendizagem com maior motivação. O uso do jogo
também possibilita melhor interação da criança deficiente mental com os seus
coetâneos normais e com o mediador.
O jogo, comparável a um instrumento, é visto como capaz de
permitir a entrada do aprendiz no mundo escolar, seja desenvolvendo a parte
motora, seja criando condições diferenciadas para a produção de novos
conhecimentos. Embora possamos considerar esse aspecto do jogo, devemos
indagar: seria o jogo apenas um instrumento para acesso a conhecimentos?
Nesse sentido, é importante que o professor e toda a
equipe pedagógica escolar, devem ser orientados de modo que o uso dos jogos no
processo ensino aprendizagem proporcione a construção de habilidades para o
exercício efetivo e competente do processo ensino aprendizagem.
Ao jogar o aluno é levado a se indagar sobre como jogar e
em que situação. Essas indagações favorecem a compreensão de como as relações
sociais são representadas e constituídas no e por meio do jogo. Porém este tipo
de trabalho precisa ser parte do projeto escolar.
Dessa forma, tais questionamentos possibilitam a
ampliação da nossa compreensão do jogo no processo ensino aprendizagem.
Trabalhar o jogo no processo ensino aprendizagem é uma opção. Acreditar que é
possível aprender jogando é um aspecto a ser refletido, pois não basta
compreender o jogo apenas como a aquisição de uma metodologia.
Segundo Brenelli (1996) o ato de jogar é mais do que
possibilitar o simples domínio de uma metodologia, ele cria condições para a
inserção do aluno deficiente intelectual em práticas sociais de produção de
conhecimento em diferentes instâncias.
Ciente da complexidade do ato de jogar, segundo Brenelli
(1996) o professor é desafiado a assumir uma postura política que envolve o
conhecimento e o domínio do que vai ensinar.
Alguns jogos e brincadeiras que poderão ser
desenvolvidas:
·
imagem e esquema corporal;
·
boliche de latas alinhavo;
·
gavetinhas da memória;
·
nunca dez, varetas;
·
dominó ( várias versões e temas);
·
memória;
·
bingos ( várias versões);
·
preguicinha;
·
quebra-cabeça;
·
amarelinha;
·
trilha
(várias versões).
Considerações
Finais
O jogo traz oportunidade
para todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem preenchendo as
necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no
domínio do simbolismo.
O brincar preenche necessidades que variam conforme a
idade, e as brincadeiras por meio de jogos estimulam a curiosidade e a autoconfiança,
propiciando o desenvolvimento do pensamento, da atenção, da concentração e da
linguagem. E não é diferente com a criança deficiente intelectual. Mesmo
apresentando atrasos em seu desenvolvimento cognitivo e motor, também se faz
necessário o uso de atividades lúdicas no dia-a-dia. Elas necessitam de muito
mais estímulos para desenvolver suas habilidades cognitivas, motoras e
sensoriais.
É, portanto, a brincadeira uma ferramenta indispensável à
vida dos alunos deficientes intelectual, mesmo antes de iniciar o processo de
alfabetização dentro da comunidade escolar. Mas, o que vale dar importância é o
espaço que a brincadeira representa em nossas vidas desde as primeiras
experiências vividas na escola, em casa.
Com essa vivência a criança tem condições para
compreender as diferenças que existe no mundo da qual faz parte e lhes dá
coragem para enfrentar qualquer obstáculo que venha acontecer no seu percurso
de vida.
Dessa forma o momento da brincadeira possui grande
importância para auxiliar o desenvolvimento das potencialidades naturais e as
várias etapas de amadurecimento que norteiam a infância e tentam ajudá-la a
encontrar o significado da vida, pois tudo isso contribui para o desenvolvimento
do potencial integral da criança.
A busca de trabalhar a brincadeira no processo ensino
aprendizagem dos deficientes intelectuais visa viabilizar uma metodologia onde
se aprende a pensar, estabelecendo novas e mais profundas relações entre os
fatos reais contidos e na própria vida de cada criança deficiente intelectual,
buscando totalidades mais abrangentes entre as diversas informações contidas
nas brincadeiras.
Enfim, para se ter êxito no desenvolvimento das
atividades utilizando o brinquedo é importante que se tenha consciência de que
a criança com deficiência intelectual é um todo integrado e o professor deverá
organizar o seu trabalho de forma que estimule ao máximo o desenvolvimento das
habilidades de seu aluno.
Referências
Bibliográficas
BRENELLI,
Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar: a construção de noções lógicas
e aritméticas/ Rosely Palermo Brenelli – Campinas, SP: Papirus, 1996.
FORTUNA,
Tânia Ramos. O brincar na Educação Infantil. Revista Pátio – Educação Infantil.
Ano 1 nº 3. dezembro de 2003/ março de 2004. Ed. Artmed. P. 7 – 10.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo,
brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez,2006
MACEDO,
Lino de. Faz-de-conta: a importância do brincar. Revista Pátio – Educação
infantil. Ano 1 nº 3. Dezembro de 2003/março de 2004. Ed. Artemed. P. 10 – 13.
MAFRA, Sonia Regina Correa. O lúdico e o desenvolvimento
da criança deficiente intelectual. São Paulo – 2008.
PAULA, J. (1996). Refletindo sobre o jogo. Revista
motriz. São Paulo, v.2, n.2, pp. 86-96.
Autoras: Maria Júlia de Almeida Dias