O espaço para se desenvolver Arte-terapia
é um dos assuntos bastante interessante, pois acredito não ser suficiente ter
todo um conhecimento teórico e prático, se não houver um espaço que traduza um
ambiente para as atividades de arte-terapia.
Para obter o desenvolvimento
das atividades em arte-terapia faz-se necessários
alguns cuidados e ou procedimentos com o ambiente.
A importância do espaço físico no
desenvolvimento de cada indivíduo, as suas diversas representações, impactos e
sensações que ele pode causar, e como ele pode auxiliar na arte terapia são alguns questionamentos que deve ser considerado pelo profissional ao "elaborar" e organizar o setting arteterapêutico.
1.
Aspectos a serem considerados.
1.1- Quanto as atividades
A Arteterapia oferece muitas opções, como por exemplo: teatro,
música, expressão corporal, artes plásticas, entre outras e tornar-se fundamental analisar quais serão utilizadas e de
que forma.
1.2 - Quanto à clientela
Qual faixa etária e nível sócioeconômico pretende atender; atenderá pacientes
com dificuldades de locomoção, visão, controle motor e cadeirantes?
Em caso de se realizar atendimento a pessoas com necessidades especiais deve-se cuidar com muita atenção da disposição dos móveis, a forma como terão acesso à sala e aos objetos de
trabalho.
1.3 Quanto ao número de clientes
Deve-se considerar a área livre da sala ao se definir o número adequado de clientes em cada sessão, a fim de preservar o conforto e as condições necessárias para a realização das dinâmicas.
1.4 Quanto a harmonia do espaço.
É fundamental que o paciente se sinta a vontade para executar suas atividades.
2.
Cuidados e ou procedimentos com o
espaço.
2.1 - Em
relação ás atividades
·
Teatro
e expressão corporal - requer um espaço
amplo e sem muitos móveis por perto para evitarmos acidentes e seria ideal que para
esse tipo de atividade tivesse um piso (EX:Eva)ou alguns colchonetes para evitar eventuais incômodos ao se trabalhar no chão.
·
Artes
plásticas - demanda algumas mesas com cadeiras, alguns armários ou prateleiras
para guardar os materiais, um pia ou tanque para lavar os materiais que necessitarem serem limpos
e as mãos após as atividades, sabonetes e papéis para as mãos, também deverão
estar no ambiente.
·
Música - como auxílio na ambientação e desenvolvimento de processos arte-terapêuticos
carece que se tenha um equipamento de som e alguns instrumentos para as
atividades.
2.2
Em
relação aos pacientes com dificuldades:
·
Dificuldade
de locomoção ou cadeirante: é necessário que tenha rampas de acesso e espaço
para locomoção entre os móveis dispostos na sala. Prateleiras com os materiais
e pia dispostas em uma altura que eles possam alcançar sem que precisem sempre
de auxílio.
·
Dificuldade
motora: é necessário que haja materiais mais resistentes, para evitar eventuais
acidentes como quebra de vidros ao escapar das mãos e cuidadosa atenção para substituir materiais que possam provocar acidentais, tais como objetos pontiagudos ou cortantes.
·
Dificuldade
de visão: manter os móveis sempre no mesmo lugar e com certa distância, pois
facilita a locomoção. Os matérias devem ser sempre colocados no mesmo local para
que possam encontrá-los facilmente.
2.3
Em
relação ao número de pacientes:
É importante que
se reflita sobre o número de cadeiras e mesas, número de pinceis e tintas, número
de pias, número de colchonetes; número de instrumentos, quantidade
de tudo, para que todos possam realizar as atividades propostas da mesma maneira.
Em relação a harmonia:
·
A
elaboração e execução do ambiente, pensando no bem estar do paciente e do terapeuta,
ambos devem se sentir á vontade no espaço criado para que se desenvolva uma
cumplicidade e uma confiança múltua.
·
Ambiente:
a.
Limpo
b.
Arejado
c.
Iluminado,
de preferência luz natural.
d.
Com banheiros
Outro aspecto que pode-se ressaltar é
a preocupação com a natureza, trabalhando de forma consciente.
- Relação
do espaço físico com a linguagem simbólica.
O que é
espaço?
Na busca em entender
o sentido da palavra espaço, o dicionário apresenta a seguinte
definição: Espaço s.m. Extensão indefinida que contém e envolve todos os
objetos: o espaço é imaginado com três dimensões. / Extensão limitada,
intervalo de um ponto a outro: grande, pequeno espaço. / A imensidade, a
extensão dos ares: os corpos celestes rolam no espaço. / Intervalo de tempo: no
espaço de um ano. / Distância percorrida por um ponto em movimento: quando um
corpo cai livremente, os espaços que ele percorre são proporcionais aos
quadrados dos tempos empregados para percorrê-los. / Art. gráf. Pequena peça de
metal, mais baixa que as letras, para separar as palavras. // Espaço vital,
território que uma nação julga necessário adquirir.
A partir
dessa referência verifica-se o quanto o espaço é simbólico, a quantas
infinidades de atividades e seres ele está relacionado, como é difícil de
ser representado e como é representado de inúmeras formas.
Há diferentes visões, impactos e sensações em relação a ele.
De acordo com A.J.
Severino,(1994) “ todo aspecto da realidade é simultaneamente assumido pela subjetividade
humana como algo que se conhece e
como algo que se aprecia, que se valoriza;...” Portanto no primeiro
contato com um determinado ambiente, as pessoas recebem impactos a partir das
sensações, da percepção, iniciando neste momento um processo de conhecimento do
lugar. Sendo assim o ambiente, mostra uma inter-relação muito dinâmica entre os sentidos. Tudo que se carrega de informações, de significados passa a ser percebido, avaliado e re-avalia o
ambiente.
Na mesma visão
de A.J. Severino.(1994 )Ve-se que a realidade dirige ao homem estímulos
sensoriais e cognitivos.
Portanto após
a captação das imagens, entra em ação a racionalidade, a motivação, a avaliação
etc... para a formação da imagem simbólica de cada individuo.
E como o
espaço afeta?
O espaço nos afeta por todos os sentidos, começando pela visão ao entrar em
uma sala, olhar seu mobiliário, cores, formas, padrões de luz, caminhar pelo olfato, sentindo os cheiros de flores, de tinta de madeira nova,
direcionando a audição aos sons ou
ruídos que estão acontecendo, até chegar no tato onde pode-se sentir as
texturas dos materiais.
E a
mais difícil das questões:
Qual é o
”espaço ideal” ?
Para essa
indagação talvez a resposta mais surpreendente é que o espaço não pode ser definido como adequado ou
não, pois para cada individuo há um espaço. Para a arte
terapia, um espaço bem projetado é aquele onde se pode despertar as mais
diversas sensações e impactos, possibilitando o desenvolvimento da
criatividade.
A Arte-terapia pode se auxiliar dos
diversos procedimentos aqui citadas, proporcionando a todos um desenvolvimento
pleno das atividades terapêuticas.Facilitando o trabalho de ambos.
Portanto o espaço “ideal”, “adequado”,
“recomendado”, será aquele onde todos se sentirem bem, a vontade e realizarem
suas atividades com os melhores recursos teóricos, práticos e “espaciais”,
proporcionando sensações, desafios que estimulem a criatividade e que estimulem
a busca do seu eu, do auto-conhecimento, da transformação e da formação de um
novo individuo.
Bibliografia:
ARNHEIM, Ruldolf, Arte
terapia & percepção visual. São Paulo: Pioneira, p 89-98
COUTINHO, Vanessa,
Arte terapia. São Paulo: Wak, 2005, p. 51- 53.
ROGERS, Carl R, Grupos
de encontros. São Paulo: Martins fontes, 2002, p. 75-80.
SEVERINO.Antônio J, Filosofia.
São Paulo: Cortes, 1994, p.175- 176
Sites:
http://www.lerparaver.com/coloquio_recomendacoes
dia 31 de março de 2006
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