Olhar...
Focar...
Perceber...
Penetrar...
Sentir...
Trocar...
Descobrir...
Mostrar...
no movimento de cada parte do nosso corpo janelas são abertas e um universo infinito se abre diante de nós.
Se abrem as janelas do olhar o novo e o velho, o diferente, o peculiar, o inesperado, o repentino, o espetacular, o simples e o complexo...
janelas em que se pode focar nos grandes feitos e também nos pequenos detalhes...
janelas do se perceber e janelas de se perceber no outro...
janelas que nos permitem penetrar onde se quer mostrar ou onde não queremos nos mostrar...
janelas que nos permitem sentir uma gama de emoções e nos reconhecer ou conhecer o outro em cada uma delas...
janelas nas quais nos permitimos nos mostrar e sermos vistos tal como verdadeiramente somos!!!!!!!!
E para que todas estas janelas se abram é necessário apenas que em algum lugar, alguém se permita olhar e ser olhado, tocar e ser tocado, ver e ser visto, ler o outro ou ser uma leitura do outro.
sábado, 11 de agosto de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
A Arteterapia na Escola
Na busca de uma aprendizagem significativa, a Arteterapia torna-se um maravilhoso canal de prevenção e intervenção para se trabalhar com as dificuldades de aprendizagem.
Ao manusear o material o aluno vivência novas maneiras de lidar com as situações que se repetem no dia a dia, estimulando a sensibilidade e agindo como um instrumento de estruturação do indivíduo na busca de soluções para seus conflitos. Através de experiências libertadoras o aluno pode desatar seus "nós", melhorar sua autoestima, proporcionar sua inclusão social no contexto escolar e acadêmico.
Nas escolas de Ensino Fundamental, a grade curricular contempla cada série com duas aulas semanais de Arte. Infelizmente, o conteúdo trabalhado e o material utilizado ao longo do ano letivo, estão longe do que é proposto pelo PCN e do que se pode desenvolver junto aos alunos.
As aulas de Arte podem se tornar um grande aliado dos educadores para se alcançar uma aprendizagem mais plena e significativa, reduzindo assim, o número de crianças encaminhadas para especialistas.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Código de Ética do Psicopedagogo
Reformulado pelo Conselho da ABPp, gestão 2011/2013 e aprovado em Assembleia
Geral em 5/11/2011
O Código de Ética tem o propósito de estabelecer parâmetros e
orientar os profissionais da Psicopedagogia brasileira quanto aos
princípios, normas e valores ponderados à boa conduta profissional,
estabelecendo diretrizes para o exercício da Psicopedagogia e para os
relacionamentos internos e externos à ABPp – Associação Brasileira de
Psicopedagogia.
A revisão do Código de Ética é prevista para que se mantenha
atualizado com as expectativas da classe profissional e da sociedade.
Capítulo I – Dos princípios
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde
que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a
família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando
procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais
teóricos.
Parágrafo 1º
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do
conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter
indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades.
Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre o institucional e o clínico.
Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza
métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do
processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção.
Artigo 3º
A atividade psicopedagógica tem como objetivos:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de
inclusão escolar e social;
b) compreender e propor ações frente às dificuldades de
aprendizagem;
c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia;
d) mediar conflitos relacionados aos processos de
aprendizagem.
Artigo 4º
O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e
elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de
Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas.
Capítulo II – Da formação
Artigo 5º
A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou
em curso de pós-graduação – especialização “lato sensu” em
Psicopedagogia -, ministrados em estabelecimentos de ensino
devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos competentes, de
acordo com a legislação em vigor.Capítulo III – Do exercício das atividades psicopedagógicas
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os
profissionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia –
especialização “lato sensu” - e os profissionais com direitos adquiridos
anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela
ABPp. É indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal.
Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus
serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e
os princípios deste Código de Ética.
Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou
seus responsáveis legais e o profissional, a fim de que:
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados,
considerando condições socioeconômicas da região,
natureza da assistência prestada e tempo despendido;
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.
Artigo 7º
O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional,
protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em decorrência do
exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam
comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu
atendimento.
Parágrafo 1º
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a
especialistas e/ou instituições, comprometidos com o atendido e/ou com
o atendimento.
Parágrafo 2º
O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que
tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja
intimado a depor perante autoridade judicial.
Artigo 8º
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros
interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou de seu
representante legal.
Artigo 9º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos cujo
acesso não será franqueado a pessoas estranhas ao caso.
Artigo 10
O psicopedagogo procurará desenvolver e manter boas relações com
os componentes de diferentes categorias profissionais, observando para
esse fim, o seguinte:
a) trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são reservadas;
b) reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de
especialização, encaminhando-os a profissionais habilitados e
qualificados para o atendimento.
Capítulo IV – Das responsabilidades
Artigo 11
São deveres do psicopedagogo:a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e
técnicos que tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de
documento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a
título de exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a
harmonia da classe e a manutenção do conceito público.
Capítulo V – Dos instrumentos
Artigo 12
São instrumentos da Psicopedagogia aqueles que servem ao seu objeto
de estudo – a aprendizagem. Sua escolha decorrerá de formação
profissional e competência técnica, sendo vetado o uso de procedimentos,
técnicas e recursos não reconhecidos como psicopedagógicos.
Capítulo VI – Das publicações científicas
Artigo 13
Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as
seguintes normas:
a) as discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em
discussão e não ao seu autor;
b) em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual
ênfase aos autores e seguir normas científicas vigentes de
publicação. Em nenhum caso o psicopedagogo se valerá da posição
hierárquica para fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos
executados sob sua orientação;
c) em todo trabalho científico devem ser indicadas as referências
bibliográficas utilizadas, bem como esclarecidas as ideias,
descobertas e as ilustrações extraídas de cada autor, de acordo
com normas e técnicas científicas vigentes.
Capítulo VII – Da publicidade profissional
Artigo 14
Ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-
lo com exatidão e honestidade.
Capítulo VIII- Dos honorários
Artigo 15
O psicopedagogo, ao fixar seus honorários, deverá considerar como
parâmetros básicos as condições socioeconômicas da região, a natureza
da assistência prestada e o tempo despendido.
Capítulo IX – Da observância e cumprimento do Código de Ética
Artigo 16
Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética.
Parágrafo único
Constitui infração ética:
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua;
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas
psicopedagógicas;
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática
psicopedagógica;
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços
psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado;
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por
terceiros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus
procedimentos.
Artigo 17
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp zelar, orientar pela fiel
observância dos princípios éticos da classe e advertir infrações se
necessário.
Artigo 18
O presente Código de Ética poderá ser alterado por proposta do
Conselho Nacional da ABPp, devendo ser aprovado em Assembleia Geral.
Capítulo X – Das disposições gerais
Artigo 19
O Código de Ética tem seu cumprimento recomendado pelos
Conselhos Nacional e Estaduais da ABPp.
O presente Código de Ética foi elaborado pelo Conselho Nacional da
ABPp do biênio 1991/1992, reformulado pelo Conselho Nacional do
biênio 1995/1996 , passa por nova reformulação feita pelas Comissões de
Ética triênios 2008/2010 e 2011/2013, submetida para discussão e
aprovado em Assembleia Geral em 05 de novembro de 2011.
Quézia Bombonatto
Presidente do Conselho Nacional da ABPp
Presidente Nacional da ABPp
Gestão 2008/2010 e2011/2013
Regulamentação para Psicopedagogo
Extraído de: Câmara dos Deputados - 30 de Dezembro de 2008
Trabalho aprova regulamentação para psicopedagogo
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A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou, no último dia 17, o Projeto de Lei 3512/08 , da deputada Professora Raquel Teixeira (PSDB-GO), que regulamenta a atividade profissional do psicopedagogo. Pela proposta, a profissão poderá ser exercida pelo portador de diploma de graduação em Psicopedagogia, pelo diplomado em Psicologia ou Pedagogia e pelo licenciado que tiver concluído curso de especialização em Psicopedagogia. A especialização deverá ter duração mínima de 600 horas e carga horária de 80% na especialidade.
A comissão também aprovou duas emendas apresentadas pela relatora, deputada Gorete Pereira (PR-CE). Uma das emendas autoriza o Executivo a criar um órgão fiscalizador do exercício da profissão. "Deve ser lembrado que os dispositivos relacionados a infrações e penas somente são eficazes se houver esse órgão responsável", disse a relatora.
A outra emenda estabelece o dever de sigilo profissional, ou seja, o psicopedagogo deverá manter sigilo sobre os fatos de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua atividade. Ele poderá compartilhar essas informações com outros profissionais envolvidos no atendimento do cliente, desde que também sujeitos a sigilo profissional. O desrespeito a essas normas configura infração disciplinar grave.
A relatora informou que a inclusão do sigilo profissional foi uma sugestão de representantes da própria categoria.
Atribuições
Entre as atribuições do psicopedagogo estão a intervenção para a solução dos problemas de aprendizagem; a utilização de métodos, técnicas e instrumentos que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem; e o apoio psicopedagógico aos trabalhos realizados nos espaços institucionais.
Pelo projeto, o portador de diploma superior de outra especialidade que já estiver exercendo ou tiver exercido atividades profissionais de psicopedagogia, em entidade pública ou privada, terá preservado o direito a esse exercício profissional.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e seguirá para a análise da Comissão deConstituição e Justiça e de Cidadania.
Autor: Agência Câmara
Extraído de: Câmara dos Deputados - 30 de Dezembro de 2008
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Pintura como processo terapêutico
Hoje tive a oportunidade de reler um texto de Edna Chagas Christo e Graça Maria Dias da Silva em seu livro "Criatividade em Arteterapia" sobre a como a pintura pode atuar no processo arteterapêutico.
É uma técnica que possibilita o exercício de olhar de diferentes maneiras para si mesmo.
"Existem muitos obstáculos a serem vencidos, mas um deles talvez seja o principal:"eu não sei..." Ao longo da vida vamos recebendo "nãos", vamos dando a nós mesmos esses "nãos", e vamos limitando nossa flexibilidade, nossa autonomia, nossa coragem, nossa criatividade, nossa confiança no mundo e, sobretudo, em nós mesmos. Pintar é um convite a dizer "sim...", "eu posso...", "eu quero ...", "vale a pena tentar...", é ter a ousadia de perguntar "e por que não?..""...Quando a pintura flui, amiúde o mesmo ocorre com a emoção".
terça-feira, 3 de abril de 2012
Reflexões: Aprendência
"Fazer-se um ser aprendente é unir a cigarra e a formiga dentro do
homem, cantar enquanto se constrói a casa do conhecimento,
cimentar-se a realidade com a argila do sonho.
Fazer-se um ser aprendente é encher a hora de vida, a vida de
sentido, o sentido de palavras e as palavras de alegria, a alegria que é
a matéria-prima do sonho.
Fazer-se um ser aprendente é não esconder o sol dentro da alma,
nem a palavra calada." (Paulo R. do Carmo e Vilmar F. de Souza,
2000).
homem, cantar enquanto se constrói a casa do conhecimento,
cimentar-se a realidade com a argila do sonho.
Fazer-se um ser aprendente é encher a hora de vida, a vida de
sentido, o sentido de palavras e as palavras de alegria, a alegria que é
a matéria-prima do sonho.
Fazer-se um ser aprendente é não esconder o sol dentro da alma,
nem a palavra calada." (Paulo R. do Carmo e Vilmar F. de Souza,
2000).
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
A Linguagem Simbólica dos Contos e das Histórias Bíblicas
“A história contada é como o vaso de argila
que traz no seu corpo a marca da mão que
o modelou; e é essa marca que torna possível,
completo, mostrando-o não apenas como um
objeto, mas também como o fruto de um desejo.”
Márcia Siqueira de Andrade
O universo infantil está cercado de inúmeras histórias e contos que são utilizadas para encantar, para ensinar, para transformar e também como instrumento terapêutico num processo de cura e desenvolvimento pessoal.
Cada uma dessas histórias e estórias possue em seu enredo situações que são vivenciadas no cotidiano e podem ou não ser elaboradas de forma positiva, gerando conflitos e angústias naquele que as vivencia.
Este trabalho aborda as interpretações dos contos de fada e das histórias bíblicas numa visão psicanalítica e busca analisar as relações simbólicas existentes em seu contexto que são fundamentais para sua utilização num processo terapêutico e arteterapêutico.
Para Rasga (2007), os contos de maneira geral, apresentam apenas o que é essencial numa narrativa concentrada; apresentam poucos personagens, fatos, lugar e tempo limitados. Dentre os contos encontram-se os textos maravilhosos nos quais o imaginário mistura-se ao real. Pode-se classificar as narrativas maravilhosas em:
• Contos de fada – são de origem celta e em seu enredo trazem o encantamento e/ou metamorfose (fadas, bruxas, animais falantes); para auto-realizarem-se seus heróis precisam superar obstaculos ou provas; tratam de problemáticas ligadas ao existencial. Podem conter ou não a presença de fadas.
• Contos maravilhosos – surgiram de narrativas orientais e abordam temas que enfocam os aspectos sociais; os heróis e heroínas alcançam a auto-realização na conquista de bens materiais; mostra a luta pela sobrevivência e a miséria dos personagens principais. Não contém fadas para auxiliar o protagonista.
Para Rocha (2007), as semelhanças existentes entre eles estão no fato de que, ambos os textos, apresentam obstáculos, viagens, sonhos/metas, algo ou alguém como mediador e a conquista com o final feliz. Além de servirem como meio de entretenimento, são utilizados para transmitirem valores morais e costumes e como instrumentos terapêuticos.
3.1 – Os Contos de Fada
Um dos primeiros a desenvolver estudos sobre a importância dos Contos de Fada no desenvolvimento psíquico da criança foi Jung. Para ele as associações estão ligadas as experiências armazenadas no inconsciente. (ALT, 2000).
Alguns seguidores de Freud acreditam que as lutas e os conflitos do conto de fada estão basicamente enraizadas nas questões edipianas, são puramente de ordem sexual e por isso as interpretações seguem as fases da sexualidade infantil: fase oral, fase anal e fase fálica.
Vários outros deixaram sua contribuição, entre eles podemos citar Bettelheim (1980) que defende uma interpretação psicossexual para os contos de fada. Para o autor os contos enfatizam as questões do ID, Ego e Superego, do bem e do mal e transmitem mensagens à mente consciente, à pré-consciente e a inconsciente.
Para ele é através das imagens que falam ao inconsciente que os processos infantis inconscientes se tornam claros para as crianças. Enquanto se desenvolve, a criança precisa aprender gradativamente a se entender melhor para poder entender os outros e assim estabelecer relações satisfatórias e significativas com os demais.
As crianças não compreendem os seus sentimentos pelo que eles são, apenas sentem e buscam verbalizá-los através de ações. Não há nada mais difícil e importante na criação das crianças que ajudá-la a encontrar significado na vida, e para que se possa encontrar este significado mais profundo necessita-se “transcender os limites estreitos de uma existência auto-centrada e acreditar que daremos uma contribuição significativa para a vida.” (op.cit.p.12).
Para que o conto possa atingir o inconsciente da criança precisa ser contado com riqueza de detalhes, caso contrário, perderá sua significação mais profunda. E se tentarmos explicar seus significados destruiremos seu encantamento e impossibilitaremos à criança de sentir que foi ela quem enfrentou com êxito uma situação difícil mediante suas interpretações interiores.
Uma boa história só cumpre seu papel quando estimula a imaginação, desenvolve o intelecto e clareia as emoções da criança. Apresentar um dilema existencial de forma breve e categórica, simplificar todas as situações, ter figuras esboçadas claramente e personagens que são mais típicos do que únicos, o mal ser tão onipresente quanto a virtude e se apresentarem sob forma de figuras e ações e o mal sempre perder no final são as características mais importantes dos contos de fada .
Nos contos de fada, as crianças lidam com diferentes problemas, um de cada vez, e isto facilita as mudanças na identificação do paciente com os personagens ou dos conflitos apresentados.
Identificar-se com um dos personagens leva a criança a projetar-se e vivenciar as experiências dele na sua própria história, e a garantia de um final feliz lhe assegura que qualquer que sejam suas descobertas sobre o seu inconsciente ela também poderá “viver feliz para sempre”.
Bettelheim (1980, p.23) coloca que para identificar qual história “é mais importante para uma criança específica numa idade específica depende inteiramente de seu estágio psicológico de desenvolvimento e dos problemas que mais a pressionam no momento.”
Numa outra abordagem teórica, a psicológica, o foco central das histórias está no senso do “eu”, nos aspectos da personalidade que prejudicam a ligação íntima da criança com outras pessoas, especialmente os pais. Nesta visão os contos são considerados como conflitos psicológicos ocultos. Eles se fundamentam nos sete pecados capitais da infância: a vaidade, a gula, a inveja, a luxúria, a hipocrisia, a avareza e a preguiça.
Para Cashdan (2000), que defende a perspectiva psicológica, os contos de fada são fonte de incomparável aventura e apresentam dramas sérios que refletem eventos que ocorrem no interior das crianças. São “psicodramas da infância”. (op.cit., p.33).
Para ele o valor duradouro dos contos se encontra “no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento”. (op.cit., p.25).
Algumas preocupações marcam a vida infantil como sua posição na família, o sentimento que se tem por ela e quanto dele é dispensado a ela e seus irmãos e o medo de serem abandonadas em conseqüência do que dizem ou fazem.
Cashdan coloca que boa parte dos acontecimentos do conto de fada espelha as lutas interiores que as crianças travam contra as forças do eu e estas forças enfraquecem a capacidade de manter relacionamentos significativos. Através destas histórias, as crianças “projetam inconscientemente parte delas mesmas em vários personagens usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu.” (op.cit., p.31).
Quando se apresenta o conto chamando sutilmente a atenção para o tema central as respostas podem se tornar mais significativas às perguntas dadas e quando explorado de maneira agradável pode auxiliar a resolver lutas interiores entre as forças do eu, forças negativas e positivas.
A criança precisa penetrar na história em um nível pessoal. O segredo do sucesso na terapia com as histórias se encontra no processo de identificação que deve ocorrer entre a criança, o personagem e os conflitos por ela enfrentados. Quando a criança chega à clínica psicopedagógica com dificuldades de expressar seus sentimentos, a história pode ser tornar uma saída para o paciente se reconciliar com os seus sentimentos e seus fracassos.
Cashdan (2000) diz que os eventos que formam um conto de fada acontecem em quatro etapas no caminho da descoberta.
1. Travessia – leva o herói a uma terra diferente, como floresta escura, poço e escadaria secreta, cheia de acontecimentos mágicos. A mensagem implícita está em que a pessoa precisa explorar, examinar, correr riscos para poder crescer.
2. Encontro – com uma presença maquiavélica. Força a criança a enfrentar tendências indesejáveis que possui. Enfrentar o mal torna-se um ato de auto-conhecimento.
3. Conquista – é a mais fundamental das quatro etapas, pois apresenta uma luta de vida e morte. Pela morte da bruxa a criança deixa de auto-recriminar, supera os conflitos internos e os aspectos negativos do eu são destruídos garantindo a superioridade dos aspectos positivos. “O eu é transformado, purificado levando a criança a se sentir mais auto-confiante e segura”.(op.cit.,56)
4. Celebração – casamento, reunião de família após a morte da bruxa com felicidade eterna. “De uma perspectiva de vantagem psicológica, um final feliz significa que as forças positivas do eu assumiram o comando.”(op.cit.56).
Os contos são considerados por Cashdan (2000, p.56) como “jornadas de triunfo e transformação.”
Bettelheim (1980, p.33) nos diz que “o conto de fada é terapêutico porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida.”
3.2 – A Contribuição da História Bíblica como recurso terapêutico e arteterapêutico
A Bíblia é um conjunto de 66 livros escritos por vários autores que viveram em épocas diferentes e de profissões diversas. Nela encontram-se relatos históricos, poemas, cânticos, cartas de aconselhamento e código de leis e todos mantém uma unidade de pensamento em seus textos.
Néri (1996), ao falar sobre o universo das histórias bíblicas, estabelece comparações entre os contos de fada e os relatos bíblicos, tais como: ambos, em sua origem, não foram escritos para as crianças e por isto sua linguagem não lhes eram de fácil compreensão sofrendo adaptações posteriormente para atingir a mente infantil; apesar das alterações sofridas não perderam seus elementos essenciais e estruturais ; eram transmitidos de forma oral e despertam até os dias atuais grande interesse nas crianças. Para o autor, o maravilhoso existe nas histórias bíblicas, porém sua causalidade é atribuída a natureza divina, diferentemente do “fantástico” ou do “mágico” dos contos populares que é de origem sobrenatural. Dentro das histórias bíblicas encontram-se elementos simbólicos como a água, o rio, o mar, alguns animais, alimentos, os anjos, a arca, o fogo, o gigante, sonhos, entre vários outros. Néri analisa que apesar dos personagens bíblicos não apresentarem um único tipo ou arquétipos de comportamentos humanos como ocorrem nas narrativas maravilhosas, a maioria deles é reconhecido, identificado por um único traço de sua personalidade apesar de em suas histórias de vida apresentarem variações em seus comportamentos e atitudes. Tal caracterização dos personagens facilita o processo de identificação do ouvinte com o personagem.
Como exemplo, Néri cita Noé caracterizado pela paciência, Davi pela coragem e força interior, José pela fidelidade, Moisés pela liderança, Sansão pela força, entre outros.
Em tais histórias pode-se identificar temas como superação, cooperação, aceitação, inclusão, perdas, abandono, reconquista, adoção, missão, liderança, rejeição, luta, esperança, auto-confiança, medo, angústia, intimidação, coragem e vitória.
Os textos bíblicos são ricos em símbolos e trazem também uma linguagem simbólica que podem atuar no consciente e inconsciente de cada pessoa que a escuta, assim como os contos de fada.
Bettelheim (1980, p.22) nos diz que
(...)muitas histórias bíblicas são da mesma natureza que os contos de fada. As associações conscientes e inconscientes que despertam na mente do ouvinte depende de seu esquema geral de referências e de suas preocupações pessoais. Daí as pessoas religiosas encontrarem neles coisas importantes que não são mencionadas aqui.
Com a exceção de que Deus é central, muitas histórias da Bíblia podem ser reconhecidas como similares a contos de fada. (op.cit, p.67).
O autor comenta que os contos também trazem temas religiosos, pois foram escritos num período em que a vida das pessoas estava fundamentada na religião, e os considera como obra de arte porque possuem vários aspectos possíveis de serem explorados no aspecto psicológico.
Guttmam (2004), comenta que as histórias judaicas, sendo elas baseadas na Bíblia, são utilizadas para favorecer o crescimento espiritual de quem as escuta, ajudando na elaboração de suas vidas. Para ela, o terapêutico de uma história pode ocorrer ao ouvir, ao ler,ao contar e ao criar.
Assim como nossa vida emocional pode ser expressa por mitos antigos ou contos de fadas, no judaísmo as histórias bíblicas fazem que as pessoas ampliem sua visão de si mesma e do mundo... E, muitas vezes, quando escutamos determinadas histórias em momentos nos quais estamos abertos a elas, temos a sensação de que alguma percepção aconteceu e algo se transformou.(op.cit.,p. 259).
Os textos bíblicos a muito têm sido utilizados na clínica terapêutica e analisados à luz da psicanálise. Dolto (1979), discípula de Lacan, em sua prática clínica, também fez uso da arte como meio de comunicação com seus pacientes e de textos bíblicos no processo terapêutico.
Eles têm um poder muito mais surpreendente. Há dois mil anos eles são lidos e produzem sempre um efeito de verdade no íntimo de todo aquele que os lê.
Confesso que estou em busca das fontes dessa verdade. Sejam eles históricos ou não, esses textos são uma torrente fantástica de sublimação dos impulsos. Escritos com tal poder de penetração não podem ser negligenciados. Eles merecem que, formados pela Psicanálise, pesquisemos essa dinâmica, cuja chave deixam subentender.
(...) A leitura dos Evangelhos, repito, produz inicialmente um choque em minha subjetividade; depois, em contato com esses textos, descubro que Jesus ensina o desejo e nos seduz.
Descubro que esses textos de dois mil anos atrás não estão em contradição com o inconsciente dos homens de hoje em dia.
(...) O que leio nos Evangelhos, do ponto de vista da Psicanálise, parecer ser a confirmação, a ilustração dessa dinâmica viva, operando no psiquismo humano e de sua força que vem o inconsciente, aí onde o desejo nasce, de onde parte em busca daquilo que lhe falta.
(...) Coisa alguma da mensagem de Cristo estava em contradição com as descobertas freudianas. Sem hesitar decidi levar adiante essa leitura.
A vida, o efeito de verdade sempre nova que a convivência com os Evangelhos engendram no coração e na inteligência são um apelo renovado diariamente para que ultrapassemos nossos processos lógicos conscientes. São as mesmas palavras e estas parecem revelar um sentido novo, na medida em que avançamos em nosso tempo, no decurso de nossas experiências. (op. cit., p.12 e 14).
Simões (2008), em sua atuação como fonoaudióloga , psicopedagoga e psicanalista, passou a utilizar no processo terapêutico de seus pacientes, as histórias bíblicas, associadas as técnicas arteterapêuticas, como instrumento de mediação para o processo de identificação do paciente com a história, nos quais os personagens se faziam porta-vozes de seus conflitos e desejos e auxiliavam o paciente em seu auto-conhecimento, de forma agradável e poética. Fundamentou-se em Dolto (1979 e 1981), que em seu livro O Evangelho à Luz da Psicanálise relata sua experiência clínica com textos bíblicos e também estabelece uma relação com os contos de fada:
(... ) Ao ler os Evangelhos, eu descubro um psicodrama. As próprias palavras com que são narrados, a seleção das frases, a escolha de certos temas podem ser compreendidos, repito, de uma outra maneira, a partir da descoberta do inconsciente e de suas leis, por Freud.
Eles têm um poder muito mais surpreendente. Há dois mil anos eles são lidos e produzem sempre um efeito de verdade no íntimo de todo aquele que os lê.
Confesso que estou em busca das fontes dessa verdade. Sejam eles históricos ou não, esses textos são uma torrente fantástica de sublimação dos impulsos. Escritos com tal poder de penetração não podem ser negligenciados. Eles merecem que, formados pela Psicanálise, pesquisemos essa dinâmica, cuja chave deixam subentender.
[...] A leitura dos Evangelhos, repito, produz inicialmente um choque em minha subjetividade; depois, em contato com esses textos, descubro que Jesus ensina o desejo e nos seduz.
Descubro que esses textos de dois mil anos atrás não estão em contradição com o inconsciente dos homens de hoje em dia.
[...] O que leio nos Evangelhos, do ponto de vista da Psicanálise, parecer ser a confirmação, a ilustração dessa dinâmica viva, operando no psiquismo humano e de sua força que vem o inconsciente, aí onde o desejo nasce, de onde parte em busca daquilo que lhe falta.
[...] Coisa alguma da mensagem de Cristo estava em contradição com as descobertas freudianas. Sem hesitar decidi levar adiante essa leitura.
A vida, o efeito de verdade sempre nova que a convivência com os Evangelhos engendram no coração e na inteligência são um apelo renovado diariamente para que ultrapassemos nossos processos lógicos conscientes. São as mesmas palavras e estas parecem revelar um sentido novo, na medida em que avançamos em nosso tempo, no decurso de nossas experiências. (op. cit., 1979, p.12 e 14).
Edinger (1990), psicanalista, discípulo de Jung, diz que o homem tem necessidade desvendar os mistérios da alma naquilo que ele produz e que a Bíblia ocupa lugar proeminente nessa busca.
Os eventos da Bíblia, embora apresentados como história, são psicologicamente compreendidos como imagens arquétipas, isto é, como eventos pleromáticos que repetidamente irrompem na dimensão espácio-temporal e requerem um ego individual para poderem sobreviver. Quando lemos essas estórias com abertura para suas reverberações inconscientes, nós as reconhecemos como importantes para a nossa própria experiência. (op. cit., p.35).
Na busca de referenciar o tema abordado, por meio de diversos autores, percebe-se que as histórias bíblicas através de seus personagens e conteúdos manifestos podem atuar na vida de seus ouvintes, em especial daqueles que estão abertos para elas, como mediadoras no processo de transformação, de auto-conhecimento, de cura e de fortalecimento do potencial criativo ao promover o encontro do paciente consigo mesmo, assim como a Arteterapia. Conclui-se então, que ela pode ser um instrumento terapêutico não só pelo ouvir, como também pelo contar.
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A LINGUAGEM SIMBÓLICA DOS CONTOS E DAS HISTÓRIAS BÍBLICAS de Rosilene Fatima Vieira Lopes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
que traz no seu corpo a marca da mão que
o modelou; e é essa marca que torna possível,
completo, mostrando-o não apenas como um
objeto, mas também como o fruto de um desejo.”
Márcia Siqueira de Andrade
O universo infantil está cercado de inúmeras histórias e contos que são utilizadas para encantar, para ensinar, para transformar e também como instrumento terapêutico num processo de cura e desenvolvimento pessoal.
Cada uma dessas histórias e estórias possue em seu enredo situações que são vivenciadas no cotidiano e podem ou não ser elaboradas de forma positiva, gerando conflitos e angústias naquele que as vivencia.
Este trabalho aborda as interpretações dos contos de fada e das histórias bíblicas numa visão psicanalítica e busca analisar as relações simbólicas existentes em seu contexto que são fundamentais para sua utilização num processo terapêutico e arteterapêutico.
Para Rasga (2007), os contos de maneira geral, apresentam apenas o que é essencial numa narrativa concentrada; apresentam poucos personagens, fatos, lugar e tempo limitados. Dentre os contos encontram-se os textos maravilhosos nos quais o imaginário mistura-se ao real. Pode-se classificar as narrativas maravilhosas em:
• Contos de fada – são de origem celta e em seu enredo trazem o encantamento e/ou metamorfose (fadas, bruxas, animais falantes); para auto-realizarem-se seus heróis precisam superar obstaculos ou provas; tratam de problemáticas ligadas ao existencial. Podem conter ou não a presença de fadas.
• Contos maravilhosos – surgiram de narrativas orientais e abordam temas que enfocam os aspectos sociais; os heróis e heroínas alcançam a auto-realização na conquista de bens materiais; mostra a luta pela sobrevivência e a miséria dos personagens principais. Não contém fadas para auxiliar o protagonista.
Para Rocha (2007), as semelhanças existentes entre eles estão no fato de que, ambos os textos, apresentam obstáculos, viagens, sonhos/metas, algo ou alguém como mediador e a conquista com o final feliz. Além de servirem como meio de entretenimento, são utilizados para transmitirem valores morais e costumes e como instrumentos terapêuticos.
3.1 – Os Contos de Fada
Um dos primeiros a desenvolver estudos sobre a importância dos Contos de Fada no desenvolvimento psíquico da criança foi Jung. Para ele as associações estão ligadas as experiências armazenadas no inconsciente. (ALT, 2000).
Alguns seguidores de Freud acreditam que as lutas e os conflitos do conto de fada estão basicamente enraizadas nas questões edipianas, são puramente de ordem sexual e por isso as interpretações seguem as fases da sexualidade infantil: fase oral, fase anal e fase fálica.
Vários outros deixaram sua contribuição, entre eles podemos citar Bettelheim (1980) que defende uma interpretação psicossexual para os contos de fada. Para o autor os contos enfatizam as questões do ID, Ego e Superego, do bem e do mal e transmitem mensagens à mente consciente, à pré-consciente e a inconsciente.
Para ele é através das imagens que falam ao inconsciente que os processos infantis inconscientes se tornam claros para as crianças. Enquanto se desenvolve, a criança precisa aprender gradativamente a se entender melhor para poder entender os outros e assim estabelecer relações satisfatórias e significativas com os demais.
As crianças não compreendem os seus sentimentos pelo que eles são, apenas sentem e buscam verbalizá-los através de ações. Não há nada mais difícil e importante na criação das crianças que ajudá-la a encontrar significado na vida, e para que se possa encontrar este significado mais profundo necessita-se “transcender os limites estreitos de uma existência auto-centrada e acreditar que daremos uma contribuição significativa para a vida.” (op.cit.p.12).
Para que o conto possa atingir o inconsciente da criança precisa ser contado com riqueza de detalhes, caso contrário, perderá sua significação mais profunda. E se tentarmos explicar seus significados destruiremos seu encantamento e impossibilitaremos à criança de sentir que foi ela quem enfrentou com êxito uma situação difícil mediante suas interpretações interiores.
Uma boa história só cumpre seu papel quando estimula a imaginação, desenvolve o intelecto e clareia as emoções da criança. Apresentar um dilema existencial de forma breve e categórica, simplificar todas as situações, ter figuras esboçadas claramente e personagens que são mais típicos do que únicos, o mal ser tão onipresente quanto a virtude e se apresentarem sob forma de figuras e ações e o mal sempre perder no final são as características mais importantes dos contos de fada .
Nos contos de fada, as crianças lidam com diferentes problemas, um de cada vez, e isto facilita as mudanças na identificação do paciente com os personagens ou dos conflitos apresentados.
Identificar-se com um dos personagens leva a criança a projetar-se e vivenciar as experiências dele na sua própria história, e a garantia de um final feliz lhe assegura que qualquer que sejam suas descobertas sobre o seu inconsciente ela também poderá “viver feliz para sempre”.
Bettelheim (1980, p.23) coloca que para identificar qual história “é mais importante para uma criança específica numa idade específica depende inteiramente de seu estágio psicológico de desenvolvimento e dos problemas que mais a pressionam no momento.”
Numa outra abordagem teórica, a psicológica, o foco central das histórias está no senso do “eu”, nos aspectos da personalidade que prejudicam a ligação íntima da criança com outras pessoas, especialmente os pais. Nesta visão os contos são considerados como conflitos psicológicos ocultos. Eles se fundamentam nos sete pecados capitais da infância: a vaidade, a gula, a inveja, a luxúria, a hipocrisia, a avareza e a preguiça.
Para Cashdan (2000), que defende a perspectiva psicológica, os contos de fada são fonte de incomparável aventura e apresentam dramas sérios que refletem eventos que ocorrem no interior das crianças. São “psicodramas da infância”. (op.cit., p.33).
Para ele o valor duradouro dos contos se encontra “no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento”. (op.cit., p.25).
Algumas preocupações marcam a vida infantil como sua posição na família, o sentimento que se tem por ela e quanto dele é dispensado a ela e seus irmãos e o medo de serem abandonadas em conseqüência do que dizem ou fazem.
Cashdan coloca que boa parte dos acontecimentos do conto de fada espelha as lutas interiores que as crianças travam contra as forças do eu e estas forças enfraquecem a capacidade de manter relacionamentos significativos. Através destas histórias, as crianças “projetam inconscientemente parte delas mesmas em vários personagens usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu.” (op.cit., p.31).
Quando se apresenta o conto chamando sutilmente a atenção para o tema central as respostas podem se tornar mais significativas às perguntas dadas e quando explorado de maneira agradável pode auxiliar a resolver lutas interiores entre as forças do eu, forças negativas e positivas.
A criança precisa penetrar na história em um nível pessoal. O segredo do sucesso na terapia com as histórias se encontra no processo de identificação que deve ocorrer entre a criança, o personagem e os conflitos por ela enfrentados. Quando a criança chega à clínica psicopedagógica com dificuldades de expressar seus sentimentos, a história pode ser tornar uma saída para o paciente se reconciliar com os seus sentimentos e seus fracassos.
Cashdan (2000) diz que os eventos que formam um conto de fada acontecem em quatro etapas no caminho da descoberta.
1. Travessia – leva o herói a uma terra diferente, como floresta escura, poço e escadaria secreta, cheia de acontecimentos mágicos. A mensagem implícita está em que a pessoa precisa explorar, examinar, correr riscos para poder crescer.
2. Encontro – com uma presença maquiavélica. Força a criança a enfrentar tendências indesejáveis que possui. Enfrentar o mal torna-se um ato de auto-conhecimento.
3. Conquista – é a mais fundamental das quatro etapas, pois apresenta uma luta de vida e morte. Pela morte da bruxa a criança deixa de auto-recriminar, supera os conflitos internos e os aspectos negativos do eu são destruídos garantindo a superioridade dos aspectos positivos. “O eu é transformado, purificado levando a criança a se sentir mais auto-confiante e segura”.(op.cit.,56)
4. Celebração – casamento, reunião de família após a morte da bruxa com felicidade eterna. “De uma perspectiva de vantagem psicológica, um final feliz significa que as forças positivas do eu assumiram o comando.”(op.cit.56).
Os contos são considerados por Cashdan (2000, p.56) como “jornadas de triunfo e transformação.”
Bettelheim (1980, p.33) nos diz que “o conto de fada é terapêutico porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida.”
3.2 – A Contribuição da História Bíblica como recurso terapêutico e arteterapêutico
A Bíblia é um conjunto de 66 livros escritos por vários autores que viveram em épocas diferentes e de profissões diversas. Nela encontram-se relatos históricos, poemas, cânticos, cartas de aconselhamento e código de leis e todos mantém uma unidade de pensamento em seus textos.
Néri (1996), ao falar sobre o universo das histórias bíblicas, estabelece comparações entre os contos de fada e os relatos bíblicos, tais como: ambos, em sua origem, não foram escritos para as crianças e por isto sua linguagem não lhes eram de fácil compreensão sofrendo adaptações posteriormente para atingir a mente infantil; apesar das alterações sofridas não perderam seus elementos essenciais e estruturais ; eram transmitidos de forma oral e despertam até os dias atuais grande interesse nas crianças. Para o autor, o maravilhoso existe nas histórias bíblicas, porém sua causalidade é atribuída a natureza divina, diferentemente do “fantástico” ou do “mágico” dos contos populares que é de origem sobrenatural. Dentro das histórias bíblicas encontram-se elementos simbólicos como a água, o rio, o mar, alguns animais, alimentos, os anjos, a arca, o fogo, o gigante, sonhos, entre vários outros. Néri analisa que apesar dos personagens bíblicos não apresentarem um único tipo ou arquétipos de comportamentos humanos como ocorrem nas narrativas maravilhosas, a maioria deles é reconhecido, identificado por um único traço de sua personalidade apesar de em suas histórias de vida apresentarem variações em seus comportamentos e atitudes. Tal caracterização dos personagens facilita o processo de identificação do ouvinte com o personagem.
Como exemplo, Néri cita Noé caracterizado pela paciência, Davi pela coragem e força interior, José pela fidelidade, Moisés pela liderança, Sansão pela força, entre outros.
Em tais histórias pode-se identificar temas como superação, cooperação, aceitação, inclusão, perdas, abandono, reconquista, adoção, missão, liderança, rejeição, luta, esperança, auto-confiança, medo, angústia, intimidação, coragem e vitória.
Os textos bíblicos são ricos em símbolos e trazem também uma linguagem simbólica que podem atuar no consciente e inconsciente de cada pessoa que a escuta, assim como os contos de fada.
Bettelheim (1980, p.22) nos diz que
(...)muitas histórias bíblicas são da mesma natureza que os contos de fada. As associações conscientes e inconscientes que despertam na mente do ouvinte depende de seu esquema geral de referências e de suas preocupações pessoais. Daí as pessoas religiosas encontrarem neles coisas importantes que não são mencionadas aqui.
Com a exceção de que Deus é central, muitas histórias da Bíblia podem ser reconhecidas como similares a contos de fada. (op.cit, p.67).
O autor comenta que os contos também trazem temas religiosos, pois foram escritos num período em que a vida das pessoas estava fundamentada na religião, e os considera como obra de arte porque possuem vários aspectos possíveis de serem explorados no aspecto psicológico.
Guttmam (2004), comenta que as histórias judaicas, sendo elas baseadas na Bíblia, são utilizadas para favorecer o crescimento espiritual de quem as escuta, ajudando na elaboração de suas vidas. Para ela, o terapêutico de uma história pode ocorrer ao ouvir, ao ler,ao contar e ao criar.
Assim como nossa vida emocional pode ser expressa por mitos antigos ou contos de fadas, no judaísmo as histórias bíblicas fazem que as pessoas ampliem sua visão de si mesma e do mundo... E, muitas vezes, quando escutamos determinadas histórias em momentos nos quais estamos abertos a elas, temos a sensação de que alguma percepção aconteceu e algo se transformou.(op.cit.,p. 259).
Os textos bíblicos a muito têm sido utilizados na clínica terapêutica e analisados à luz da psicanálise. Dolto (1979), discípula de Lacan, em sua prática clínica, também fez uso da arte como meio de comunicação com seus pacientes e de textos bíblicos no processo terapêutico.
Eles têm um poder muito mais surpreendente. Há dois mil anos eles são lidos e produzem sempre um efeito de verdade no íntimo de todo aquele que os lê.
Confesso que estou em busca das fontes dessa verdade. Sejam eles históricos ou não, esses textos são uma torrente fantástica de sublimação dos impulsos. Escritos com tal poder de penetração não podem ser negligenciados. Eles merecem que, formados pela Psicanálise, pesquisemos essa dinâmica, cuja chave deixam subentender.
(...) A leitura dos Evangelhos, repito, produz inicialmente um choque em minha subjetividade; depois, em contato com esses textos, descubro que Jesus ensina o desejo e nos seduz.
Descubro que esses textos de dois mil anos atrás não estão em contradição com o inconsciente dos homens de hoje em dia.
(...) O que leio nos Evangelhos, do ponto de vista da Psicanálise, parecer ser a confirmação, a ilustração dessa dinâmica viva, operando no psiquismo humano e de sua força que vem o inconsciente, aí onde o desejo nasce, de onde parte em busca daquilo que lhe falta.
(...) Coisa alguma da mensagem de Cristo estava em contradição com as descobertas freudianas. Sem hesitar decidi levar adiante essa leitura.
A vida, o efeito de verdade sempre nova que a convivência com os Evangelhos engendram no coração e na inteligência são um apelo renovado diariamente para que ultrapassemos nossos processos lógicos conscientes. São as mesmas palavras e estas parecem revelar um sentido novo, na medida em que avançamos em nosso tempo, no decurso de nossas experiências. (op. cit., p.12 e 14).
Simões (2008), em sua atuação como fonoaudióloga , psicopedagoga e psicanalista, passou a utilizar no processo terapêutico de seus pacientes, as histórias bíblicas, associadas as técnicas arteterapêuticas, como instrumento de mediação para o processo de identificação do paciente com a história, nos quais os personagens se faziam porta-vozes de seus conflitos e desejos e auxiliavam o paciente em seu auto-conhecimento, de forma agradável e poética. Fundamentou-se em Dolto (1979 e 1981), que em seu livro O Evangelho à Luz da Psicanálise relata sua experiência clínica com textos bíblicos e também estabelece uma relação com os contos de fada:
(... ) Ao ler os Evangelhos, eu descubro um psicodrama. As próprias palavras com que são narrados, a seleção das frases, a escolha de certos temas podem ser compreendidos, repito, de uma outra maneira, a partir da descoberta do inconsciente e de suas leis, por Freud.
Eles têm um poder muito mais surpreendente. Há dois mil anos eles são lidos e produzem sempre um efeito de verdade no íntimo de todo aquele que os lê.
Confesso que estou em busca das fontes dessa verdade. Sejam eles históricos ou não, esses textos são uma torrente fantástica de sublimação dos impulsos. Escritos com tal poder de penetração não podem ser negligenciados. Eles merecem que, formados pela Psicanálise, pesquisemos essa dinâmica, cuja chave deixam subentender.
[...] A leitura dos Evangelhos, repito, produz inicialmente um choque em minha subjetividade; depois, em contato com esses textos, descubro que Jesus ensina o desejo e nos seduz.
Descubro que esses textos de dois mil anos atrás não estão em contradição com o inconsciente dos homens de hoje em dia.
[...] O que leio nos Evangelhos, do ponto de vista da Psicanálise, parecer ser a confirmação, a ilustração dessa dinâmica viva, operando no psiquismo humano e de sua força que vem o inconsciente, aí onde o desejo nasce, de onde parte em busca daquilo que lhe falta.
[...] Coisa alguma da mensagem de Cristo estava em contradição com as descobertas freudianas. Sem hesitar decidi levar adiante essa leitura.
A vida, o efeito de verdade sempre nova que a convivência com os Evangelhos engendram no coração e na inteligência são um apelo renovado diariamente para que ultrapassemos nossos processos lógicos conscientes. São as mesmas palavras e estas parecem revelar um sentido novo, na medida em que avançamos em nosso tempo, no decurso de nossas experiências. (op. cit., 1979, p.12 e 14).
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NERI, Valdemir Correia. “O Universo Das Histórias Bíblicas Para Crianças”. Dissertação de Mestrado Apresentada ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de São Paulo, 1996.
NORGREN, M. de B. P. Considerações Sobre o Processo-Terapia. Revista: Reflexões – nº 1. São Paulo : Sedes, 1995.
OLIVER, A. Um Panorama da Teoria das Inteligências Múltiplas. Revista da
Escola Adventista – ano 7, vol. 12 - 2003. trad. Renato Stencel, SP.
PALMA FILHO, J.C. O Lugar da Educação em Artes na Educação Básica. In: CHRISTOV, L. H. da S. e MATTOS, S. A. R. de M. (org.).Arte-educação: experiências, questões e possibilidades. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2006.
PAÏN, S. e JARREAU. G. Teoria e Técnica da Arte-terapia: a Compreensão do Sujeito; trad. Rosana Severino Di Leone – Porto Alegre: ArtMed, 2001.
PHILIPPINI, A. Universo Junguiano e Arteterapia.Internet: http://www.arteterapia.org.br/UNIVERSO%20JUNGUIANO%20E%20ARTETERAPIA.pdf. Acesso em: 5/7/2008.
RAÍZES – A História do Povo Judeu. Internet: http. www.beitlubavitch.or.br/ livro 1-3, 2004.
RASGA, K. Narrando. ATP de Língua Portuguesa - http://denarrar.blogspot.com/ 19-10-08..
ROCHA, V. Contos de Fadas e Contos Maravilhosos. Publicado no Recanto das Letras em 15/02/2007, Código do texto: T382876 . disponível em:
ROSA, U. MiniDicionário Compacto da Língua Portuguesa. São Paulo: Rideel, 1999.
SAVIANI, I. O Espiritual e a Arte na Arte-Terapia. Revista: Reflexões – nº 1. São Paulo : Sedes, 1995.
SOUZA, O. R. S. de. Breve Histórico da Arteterapia . Disponível em:
SEVERINO, A. J. Filosofia. Ed. Cortez
SILVEIRA, V. S. Meditando e Criando: Um Processo de Reaprendizagem Emocional Através da Arte-Terapia . Revista: Reflexões – nº 4. São Paulo: Sedes, 2000/01.
SIMÕES, M.A. Metamorfose de uma Terapeuta: Interfaces da Fonoaudiologia, Psicopedagogia e Outros Saberes. Dissertação de Mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação de Psicologia da Universidade São Marcos. São Paulo, 2008
SOUZA NETO, João Clemente de. Crianças e Adolescentes Abandonados – Estratégias de sobrevivência - São Paulo: Editora Expressão & Arte. 2ª edição, 2002.
WHITE, E. G., Patriarcas e Profetas. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1993.
WONDRACEK, K. K. José do Egito – Elaboração e Superação do Egito. Internet: http:// www. anglicanismo. net/humanas/psicologia- abril/2004.
A LINGUAGEM SIMBÓLICA DOS CONTOS E DAS HISTÓRIAS BÍBLICAS de Rosilene Fatima Vieira Lopes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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sábado, 12 de novembro de 2011
Falando de Amor...
Você já parou para pensar porque algumas crianças sentem e dizem que não são amadas por seus pais, apesar deles serem pais conscientes, responsáveis, amorosos e participativos na vida de seus filhos?
Recentemente ouvi um aluno de uma das escolas públicas na qual sou Psicopedagoga Institucional dizer: "minha mãe não me ama, ela prefere os meus irmãos!" O sentimento de não se sentir amado foi tão intenso que o levou a fugir de casa.
O que fazer ou o que dizer diante de tão forte expressão? Como lidar com sentimentos que destroem a autoestima e geram comportamentos cheios de insegurança e agressividade?
Segundo CHAPMAN e CAMPBELL (1999), para que uma criança sinta-se segura e se torne em um adulto generoso, amoroso e responsável é fundamental que os pais expressem o amor incondicional por seus filhos no processo da educação.
O amor incondicional é completo e é divino. Quando os pais lidam com seus filhos movidos pelo amor incondicional passam a aceitá-los e apoiá-los não pelo que fazem, mas sim pelo que são. Somente este tipo de amor pode prevenir problemas emocionais tais como a amargura, culpa, raiva, ressentimento, medo e insegurança.
Quando os filhos se sentem amados por seus pais, estando abastecidos emocionalmente pelo amor incondicional, se torna mais fácil discipliná-los e educá-los, e este é o momento mais adequado para fazê-lo.
Mas, como fazer para que os filhos sintam o verdadeiro amor, o amor incondicional, que seus pais desejam abastecê-los a todo instante?
CHAPMAN e CAMPBELL apresentam cinco diferentes "linguagens do amor", maneiras pelas quais adultos e crianças expressam e compreendem o "amor emocional" que são: contato físico, palavras de afirmação, qualidade de tempo, presentes e atitudes de serviço.
Em sua obra "As Cinco Linguagens do Amor das Crianças", pág. 23 e 24, os autores apresentam algumas dicas importantes a serem relembradas frequentemente:
"1. Eles ainda são crianças.
2. Eles tem forte tendência a agir como crianças.
3. A maioria dos comportamentos infantis é desagradável.
4. Se eu fizer a minha parte como pai ou mãe e amá-los, apesar de seus comportamentos infantis, eles poderão amadurecer e abandonar tais atitudes.
5. Se eu amar meus filhos somente quando eles fizerem coisas que me agradam (amor condicional), e expressar meu amor por eles apenas nesses momentos, eles não se sentirão genuinamente amados. Esse sentimento de desamor irá prejudicar a autoimagem deles, os fará sentir-se inseguros e, com certeza, os impedirá de progredir para melhorar o autocontrole e assumir um comportamento mais maduro. Portanto, o desenvolvimento e o comportamento de meus filhos é de responsabilidade de ambos: minha e dele.
6. Se eu amar meus filhos somente quando eles atingirem as minhas expectativas e anseios ou os objetivos que eu tiver traçado, eles se sentirão incapazes e acreditarão que é inútil esforçar-se para fazer melhor, já que isto lhes parecerá não ser suficiente para obter aprovação. Eles sempre serão atormentados pela insegurança, pela ansiedade, pela baixa estima e pela ira. Para me prevenir contra estes sentimentos negativos, preciso me lembrar frequentemente da responsabilidade crucial que tenho no crescimento de meus filhos...
7. Se eu os amar incondicionalmente, ele se sentirão bem consigo próprios e serão capazes de controlar a ansiedade e seus comportamentos enquanto caminham para a fase adulta."
Referências:
CHAPMAN, Gary D. e CAMPBELL, Ross. As cinco linguagens do amor das crianças. Traduzido por José Fernando Cristófalo. - São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
Recentemente ouvi um aluno de uma das escolas públicas na qual sou Psicopedagoga Institucional dizer: "minha mãe não me ama, ela prefere os meus irmãos!" O sentimento de não se sentir amado foi tão intenso que o levou a fugir de casa.
O que fazer ou o que dizer diante de tão forte expressão? Como lidar com sentimentos que destroem a autoestima e geram comportamentos cheios de insegurança e agressividade?
Segundo CHAPMAN e CAMPBELL (1999), para que uma criança sinta-se segura e se torne em um adulto generoso, amoroso e responsável é fundamental que os pais expressem o amor incondicional por seus filhos no processo da educação.
O amor incondicional é completo e é divino. Quando os pais lidam com seus filhos movidos pelo amor incondicional passam a aceitá-los e apoiá-los não pelo que fazem, mas sim pelo que são. Somente este tipo de amor pode prevenir problemas emocionais tais como a amargura, culpa, raiva, ressentimento, medo e insegurança.
Quando os filhos se sentem amados por seus pais, estando abastecidos emocionalmente pelo amor incondicional, se torna mais fácil discipliná-los e educá-los, e este é o momento mais adequado para fazê-lo.
Mas, como fazer para que os filhos sintam o verdadeiro amor, o amor incondicional, que seus pais desejam abastecê-los a todo instante?
CHAPMAN e CAMPBELL apresentam cinco diferentes "linguagens do amor", maneiras pelas quais adultos e crianças expressam e compreendem o "amor emocional" que são: contato físico, palavras de afirmação, qualidade de tempo, presentes e atitudes de serviço.
Em sua obra "As Cinco Linguagens do Amor das Crianças", pág. 23 e 24, os autores apresentam algumas dicas importantes a serem relembradas frequentemente:
"1. Eles ainda são crianças.
2. Eles tem forte tendência a agir como crianças.
3. A maioria dos comportamentos infantis é desagradável.
4. Se eu fizer a minha parte como pai ou mãe e amá-los, apesar de seus comportamentos infantis, eles poderão amadurecer e abandonar tais atitudes.
5. Se eu amar meus filhos somente quando eles fizerem coisas que me agradam (amor condicional), e expressar meu amor por eles apenas nesses momentos, eles não se sentirão genuinamente amados. Esse sentimento de desamor irá prejudicar a autoimagem deles, os fará sentir-se inseguros e, com certeza, os impedirá de progredir para melhorar o autocontrole e assumir um comportamento mais maduro. Portanto, o desenvolvimento e o comportamento de meus filhos é de responsabilidade de ambos: minha e dele.
6. Se eu amar meus filhos somente quando eles atingirem as minhas expectativas e anseios ou os objetivos que eu tiver traçado, eles se sentirão incapazes e acreditarão que é inútil esforçar-se para fazer melhor, já que isto lhes parecerá não ser suficiente para obter aprovação. Eles sempre serão atormentados pela insegurança, pela ansiedade, pela baixa estima e pela ira. Para me prevenir contra estes sentimentos negativos, preciso me lembrar frequentemente da responsabilidade crucial que tenho no crescimento de meus filhos...
7. Se eu os amar incondicionalmente, ele se sentirão bem consigo próprios e serão capazes de controlar a ansiedade e seus comportamentos enquanto caminham para a fase adulta."
Referências:
CHAPMAN, Gary D. e CAMPBELL, Ross. As cinco linguagens do amor das crianças. Traduzido por José Fernando Cristófalo. - São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
As Histórias Bíblicas como Recurso Terapêutico
Muitos estudos tem sido feito e publicado sobre a ação terapêutico dos diversos contos infantis para se restabelecer a saúde mental e/ou preservá-la, por diferentes teóricos. A Psicologia, a Psicopedagogia, a Arteterapia e a Psicanálise são exemplos de áreas que utilizam essa técnica e promovem cursos divulgando cada vez mais a sua importância.
Buscando ampliar o conhecimento sobre este tema e abrindo espaço para que, tanto profissionais e pacientes, que não utilizam os contos de fada e outros gêneros semelhantes por questões religiosas, é que fomos instigados a pesquisar sobre a ação terapêutica das Histórias Bíblicas.
Certa ocasião, ao apresentar este tema como fonte de pesquisa discordaram da ideia por acreditarem que ciência e religião não se misturam.
Durante muito tempo a educação nos lares e nas escolas esteve fundamentada apenas na religião, em seus princípios e crenças, bem como em seus aspectos morais e éticos. Com o passar do tempo muita coisa mudou neste sentido e a religião deixou de ser o guia da sociedade, que vem apresentando problemas na formação emocional, moral e ética de seus cidadãos.
NETO (2002) diz que para a população empobrecida pode-se considerar a religiosidade como um dos últimos fios de esperança e como tábua de salvação, sendo a forma pela qual eles podem lidar com suas dores e a dar significado às suas vidas.
Segundo MORAES (2004, s/p), Jung coloca que a ausência tanto da arte como da religião pode gerar ou agravar as neuroses e diz que, “ a psicoterapia, a arte e a religião são formas da alma buscar e se fazer total ou inteira através da integração dos símbolos.”
ALT (2000), apresentando uma citação de Jung que diz:
doentes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de trinta e cinco anos, não houve um cujo problema mais profundo não fosse a atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria.(op.cit. 47, 48)
Para ele a religiosidade é uma função natural que faz parte da psique, é considerado um fenômeno universal. Chama de Self o aspecto psicológico que estabelece a imagem de Deus no homem. Percebeu que para que haja uma união entre o individuo e a psique coletiva se faz
necessário a existência de uma atitude religiosa viva e válida.
Ao buscar reestabelecer a saúde emocional da pessoa, a Arteterapia acaba resgatando também o aspecto espiritual, aproximando a criação do seu Criador.
SAVIANI (1995) argumenta que ao se entrar em contato com qualquer tipo de manifestação artística, entra-se em contato com “manifestações de costumes, religiões, política” e qualquer tema que esteja vinculado a história da humanidade e é na relação da arte, do fazer artístico e do espiritual que se dá a vivência da transformação da matéria e do espírito. No ato de criar e transformar o ser humano confirma que foi feito à imagem e semelhança de Deus.
Um outro aspecto que funciona como elo na relação da religião com a Arteterapia são os símbolos, a linguagem simbólica que se encontra nos ensinamentos e nos rituais. A Bíblia está repleta de símbolos e em vários livros que a compõe encontra-se a linguagem simbólica em seus relatos. O próprio Jesus fez uso da linguagem simbólica em seus discursos para que seus ensinamentos pudessem ser melhores compreendidos por todas as pessoas que O ouviam.
ALT (2000, p.61) comenta que “os símbolos são estruturados nas diversas culturas em função da estrutura social e da necessidade de respostas às questões que se fazem ao concreto... Sob a forma abstrata, os símbolos são idéias religiosas; sob a forma de ação, são ritos ou cerimônias.”
Citando Jung, ALT (2000) relata que “a linguagem das religiões é feita de símbolos. E esses símbolos, ao longo dos tempos, sem dúvida, têm atuado profundamente sobre a vida dos indivíduos.” Citando Jung comenta que ele “interessou-se pelos símbolos de todas as religiões da humanidade..., mas deu ênfase especial aos símbolos cristãos.”(op.cit. 63 )
Citando EDINGER, diz que ele considerava que “em termos psicológicos”, Cristo é, simultaneamente, símbolo do Self e do ego ideal.” (op. cit., p.64)
Backer (apud ARRAIS; CARPEGGIANI,2006), teólogo e psicólogo que utiliza a Bíblia na terapia com seus pacientes, diz que “ (...)Se deixarmos de lado nossos preconceitos contra a religião e escutarmos os ensinamentos contidos na Bíblia sobre as relações humanas, vamos perceber que Jesus foi o maior psicólogo que já viveu.”
“Hoje, a Bíblia e a Filosofia são receitadas como terapias.” (op.cit.p.5 e 3)
De acordo com Palma FILHO (2006) a arte, a filosofia e a religião são os meios pelos quais o ser humano busca representar a realidade através do material e do simbólico.
Philippini (2008) diz que Jung descreveu amplamente como eram codificados em símbolos as etapas de individuação nas culturas mais diversas, “com temas comuns de forma similar, como representações do inconsciente coletivo, repetindo em mitos, contos de fadas, tradições religiosas, tratados alquímicos e ritos de passagem.” Estes temas reaparecem em sonhos e atividades artísticas como a escultura e a pintura e em imagens produzidas “através da imaginação ativa e nas técnicas de visualização e meditação.”
Para McCaskey (2006) a linguagem simbólica está presente nas narrativas dos mitos, nos koans do Zen Budismo, nas histórias do Antigo Testamento, nas imagens e sensações criadas pela poesia, nos contos de fadas e nos mais diversos textos sagrados.
Considerando tais afirmações, pode-se concluir que estes três campos de atuação se entrelaçam e se (inter)relacionam ao olharem o indivíduo como um todo: um ser capaz de
atuar em sua própria vida, transformando-a criativamente. A Arteterapia permeia a Psicopedagogia e a fortalece com seus instrumentos de mediação, dentre os quais alguns estão relacionados com a religiosidade existente em cada ser humano. Dentro do mundo da literatura infantil encontramos as histórias bíblicas, que diferentemente dos contos, são relatos de cunho religioso e da história do povo de Israel nos quais encontramos situações como a rivalidade fraterna, perdas, angústias, solidão, adoção, relações parentais, fuga, entre outras e apresenta Deus, um Ser superior, que está sempre presente na vida de cada um capacitando-o a superar as dificuldades. Todos estes são temas que ainda circundam as nossas vidas de maneira muito intensa.
Por considerar que a religião é fundamental no desenvolvimento saudável do ser humano e que as histórias bíblicas são expressões de como Deus pode atuar na vida de cada um e transformá-la diante das adversidades, capacitando, sensibilizando e libertando o indivíduo, é
que busquei estabelecer relações entre a arte e as histórias bíblicas dentro do processo terapêutico na Psicopedagogia e na Arteterapia.
REFERÊNCIAS
ALT, C. B. Contos de Fadas e Mitos: Um trabalho com Grupos, Numa Abordagem
Junguiana, São Paulo: Vetor, 2000.
ARRAIS, D. e CARPEGGIANI, S. Freud ainda explica. Jornal do Comércio. Recife,
2006 -http://jc.uol.com.br/jornal/2006/05/06/not_182909.php
BARBOSA, A. M. A Imagem no Ensino da Arte, 4ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1991.
McCASKEY, T.C. A Linguagem Poética da Mitologia.
http://monomito.wordpress.com/2006/12/05/linguagempoeticamit/
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Eficácia Terapêutica do Fazer Artístico. 2004. Disponível em:
<http://www.portas.ufes.br/artigos-online.htm>. Acesso em: 15/11/2007.
SOUZA NETO, João Clemente de. Crianças e Adolescentes Abandonados –
Estratégias de sobrevivência -Editora Expressão & Arte. 2ª edição, 2002, SP.
PHILIPPINI, A. Universo Junguiano e Arteterapia. in Revista Imagens da.
Transformação –
Vol. II -Clinica Pomar –
RJ –
1995 ...Internet:
http://www.arteterapia.org.br/UNIVERSO%20JUNGUIANO%20E%20ARTETERA
PIA.pdf. Acesso em: 5/7/2008.
SAVIANI, I. O Espiritual e a Arte na Arte-Terapia. Revista: Reflexões –
nº 1. São Paulo :
Sedes, 1995.
SOUZA, O. R. S. de. Breve Histórico da Arteterapia . Disponível em :
<http://www.amart.com.br/arte_historico.htm >. Acesso em: 15/11/2007.
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terça-feira, 11 de outubro de 2011
Reflexões...
" Sem a educação da sensibilidade todas as habilidades são tolas". Paulo Freire
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
As Relações da Psicopedagogia e da Arteterapia
Enquanto a Arteterapia tem como campo de atuação resgatar o indivíduo como um todo não se limitando apenas ao fazer artístico ou a realizar uma busca de si mesmo, a Psicopedagogia trabalha com as dificuldades de aprendizagem e todos os processos que envolvem esta problemática, procurando descobrir o que acontece entre a inteligência e os desejos inconscientes do sujeito.
Segundo a definição da AATA (2003), “por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos artísticos resultante, pessoas podem ... desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.”
É nessa relação que se estabelecem novas relações com áreas de atuação e pesquisa que também olham para o indivíduo e buscam contribuir para melhorar sua qualidade de vida e o seu desenvolvimento como um todo, mediante uma maior percepção e conhecimento de si mesmo e exploração de suas potencialidades.
FERNADEZ (1991), ao falar sobre a escuta e o olhar psicopedagógico diz que estes só poderão ocorrer num “espaço transional, de jogo, confiança e criatividade.”
Para ela o problema de aprendizagem está diretamente relacionado com o “anular as capacidades e bloquear as possibilidades” e que o sintoma surge na impossibilidade da pessoa simbolizar. Para que a aprendizagem aconteça é fundamental a formação de um vínculo, o qual se inicia nas relações familiares e onde a criança define a maneira que vai utilizar para se aproximar do conhecimento. “A aprendizagem é um processo cuja matriz é vincular e lúdica e sua raiz corporal; seu desdobramento criativo põe-se em jogo através da articulação inteligência-desejo e do equilíbrio assimilação-acomodação.”
É nessa relação inteligência-desejo que se dá a relação da Arteterapia com a Psicopedagogia. Ao comparar o pensamento como uma trama ela apresenta a inteligência e o desejo como fios que se entrelaçam, da mesma forma como se entrelaçam “a significação simbólica e a capacidade de
organização lógica.”
Assim como a inteligência tende a objetivar, a buscar generalidades, a classificar, a ordenar, a procurar o que é
semelhante, o comum, ao contrário, o movimento do desejo é subjetivante, tende a individualização, à diferenciação, ao surgimento do original de cada ser humano único em relação ao outro.
Em qualquer atitude que observemos de uma pessoa, poderemos discriminar, mas só teoricamente, o processo objetivante (lógico-intelectual), do subjetivante (simbólico-desejante): a soma de ambos os processos é o ato que resulta. Para que haja aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo.
O simbolismo não pode manifestar-se independentemente da intelecção, porque esta lhe dá a possibilidade da congruência. Na fratura da congruência aparece o sintoma. O pensamento é um só, não há um pensamento inteligente e outro simbólico, já que tudo vem entrelaçado, como se um deles fosse o fio horizontal, o outro o vertical, e o pensamento uma trama; quando falta um deles, a trama não se constrói. Ao mesmo tempo dá-se a significação simbólica e a capacidade de organização lógica.
De acordo com PAÍN (2001) as atividades artísticas são instrumentos indispensáveis no processo terapêutico dos problemas de aprendizagem.
Após estudos recentes, alguns pesquisadores propuseram novos níveis de inteligência, além das Inteligências Múltiplas soma-se a Inteligência Moral e a Inteligência Emocional.
De acordo com OLIVER (2003), a Inteligência Emocional, teoria desenvolvida por GOLEMAN (1995), propõe que as pessoas que apresentam habilidades emocionais bem desenvolvidas são mais propensas a estarem contentes e se sentirem realizadas em suas vidas criando hábitos mentais que estimulam sua própria produtividade; em contra partida, aquelas que não conseguem controlar sua vida emocional vivenciam batalhas interiores que inibem, acobertam suas habilidades de trabalho e também a capacidade de pensar. (Revista Escola Adventista)
ALESSANDRINI (1996), ao falar sobre a prática psicopedagógica na Arteterapia diz que a “Psicopedagogia... propõe o desenvolvimento das funções de aprendizagem da criança e do adolescente a partir de um trabalho expressivo e criativo.”
“A experiência artística, expressão da alma e da percepção que o homem tem do mundo, apresenta-se como recurso importante para ampliar a aprendizagem daquele que se relaciona com o outro, e aprende a partir dessa relação.”
Para ela a linguagem da arte é importante na expressão da atividade cognitiva do aprendiz e o fazer artístico pode desenvolver níveis superiores de linguagem e cognição. Analisa que se a pessoa está vivenciando situações que não se relacionam afetivamente com o seu aprendizado, o mesmo não flui de maneira harmoniosa e assim prejudica seu processo de aprendizagem.
Em sua experiência psicopedagógica trabalha tanto com o pensamento quanto com a emoção, através de atividades que promovam o alívio das tensões que inibem e obstruem o “processo de aprendizagem, da construção, da auto-confiança e o desenvolvimento e expansão do nível de consciência do sujeito.” Procura fortalecer a criança internamente, “possibilitando um espaço onde se concretize a expressão de uma imagem interna, de modo que a aprendizagem se apresente de forma mais agradável e não-traumática.”
Pensar criativamente é trabalhar a partir do que há de mais nobre em uma pessoa. É a “fecundação”. A cada minuto, algo nasce e se transforma. O pensamento emerge e precisa ser refeito, re-elaborado. Comparamos, estabelecemos relações, discriminamos, definimos para poder transformar; para poder “re-ver” todo aquele caminho, sentido e experienciado em um nível energético delicado e especial. É o trabalho de aperfeiçoamento e de tematização de conteúdos expressos simbolicamente.
BARBOSA (1991) diz que a “arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário e é conteúdo. Como conteúdo, a arte representa o melhor trabalho do ser humano.
Para CARVALHO (2006), o arteterapeuta tem a liberdade de escolher os mediadores com os quais fará a intervenção, privilegiando uma ou mais das potencialidades terapêuticas da arte, podendo ser a criação, a aprendizagem, a expressão e a significação.
Segundo SAVIANI(1995), a arte se relaciona abertamente com a pedagogia, a filosofia e a psicologia. No processo arteterapêutico esta relação se apresenta ao se trabalhar o físico no sensório-motor, o mental nos processos cognitivos, as emoções, idéias, sonhos e memórias.
Na vivência dessa relação foram aplicadas técnicas artísticas como instrumentos terapêuticos num processo de tratamento da clínica psicopedagógica, tendo como base a história bíblica de José no Egito. Foram aplicadas atividades plásticas, com tecido, com miniaturas, modelagem em argila, desenho, construção de bonecos e dramatização, os quais permitiram ao paciente identificar novas formas de expressar suas emoções e sentimentos, elaborar seus conflitos pessoais e familiares, estimular sua
criatividade e possibilitar sua transformação.
REFERÊNCIAS
ALESSANDRINI, C. D. (org) Tramas Criadoras na Construção do Ser Si Mesmo,
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999..
ALESSANDRINI, C. D. Oficina Criativa e Psicopedagógica, São Paulo, Casa do
Psicólogo, 1996.
BARBOSA, A. M. A Imagem no Ensino da Arte, 4ª ed. São Paulo: Perspectiva,
1991.
CARVALHO, R. de. Arte-terapia: identidade e alteridade, uma perspectiva
polimófica – Revista Arteterapia: Reflexões – 2006 – SP
OLIVER, A. Um Panorama da Teoria das Inteligências Múltiplas. Revista da
Escola Adventista – ano 7, vol. 12 - 2003. trad. Renato Stencel, SP.
SAVIANI, I. O Espiritual e a Arte na Arte-Terapia. Revista: Reflexões – nº 1. São
Paulo : Sedes, 1995.
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Reflexões...
"Se o professor está apaixonado pelo que está ensinando, poderá pensar enquanto ensina. Pensar no que ensina, em si mesmo como ensinante e nos alunos como aprendente." (Alícia Fernández)
Pensamentos...
"Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que o desejo dos outros fizeram de mim." (Fernando Pessoa"
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Pensamentos...
"Ensinar está mais perto de prevenir do que de curar, e prevenir tem mais a ver com ampliar saúde do que com deter ou atacar a enfermidade...
A libertação da inteligência aprisionada, somente poderá dar-se através do encontro com o perdido prazer de aprender." FERNÁNDEZ, Alícia. A Inteligência aprisionada, Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
A libertação da inteligência aprisionada, somente poderá dar-se através do encontro com o perdido prazer de aprender." FERNÁNDEZ, Alícia. A Inteligência aprisionada, Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
Linguagem Simbólica
O homem criou sistemas de símbolos que expressam o que pode ser chamado de segunda realidade. A cultura é uma forma de representar simbolicamente todos os aspectos da realidade.
De acordo com o dicionário Aurélio, simbólico significa “alegórico” e alegoria significa “pensamento sob forma figurada”. A prática simbolizadora constitui a expressão de sua subjetividade, de sua consciência e apresenta dois níveis: as representações (conceitos) e os valores. Eles ocorrem simultaneamente e abrangem todas as áreas, a subjetividade está em tudo que envolve o ser humano. As experiências subjetivas traduzem as criações do “espírito”.
Se os símbolos transmitem significados manifestos e encobertos, grande parte da literatura infantil e juvenil, tão carregada de símbolos, pode ser utilizada como propulsora de percepção de forças, impulsos, paixões primárias, como amor, ódio, ciúme, ambição, inveja, etc., vividas pela humanidade desde sua origem.
Para BETTELHEIM (1980) “os processos infantis inconscientes só se tornam claros para as crianças através de imagens que falam diretamente a seu inconsciente.” (op.cit. p.40). Enquanto se desenvolve a criança precisa aprender gradativamente a se entender melhor para poder entender os outros e assim estabelecer relações satisfatórias e significativas com ele.
COUTINHO (2007, p.60) diz que no setting arteterapêutico a pessoa encontra os meios necessários para a criação de imagens, que são mensageiras de símbolos, pelos quais se dá a comunicação de níveis psíquicos mais profundos com a consciência e que a compreensão das mensagens contidas nos símbolos abre a possibilidade do indivíduo se transformar e resolver situações de desequilíbrio. Para JUNG, apud COUTINHO (2007) uma palavra ou uma imagem só pode ser considerada como simbólica quando implica algo que está além do seu “significado manifesto ou imediato”.
PAÍN e JARREAU (2001, p.57) aborda que em função da ambiguidade dos materiais utilizados em atividades plásticas, durante o desenvolvimento das mesmas, muitas pulsões são estimuladas. Eles citam que “as leis da matéria constituem o real das experiências simbólicas frente ao qual o sujeito se rebela, manifesta sua raiva, luta, destrói, inventa novas estratégias, duvida, tenta, triunfando enfim.”
Linguagem Simbólica de Rosilene Fatima Vieira Lopes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
De acordo com o dicionário Aurélio, simbólico significa “alegórico” e alegoria significa “pensamento sob forma figurada”. A prática simbolizadora constitui a expressão de sua subjetividade, de sua consciência e apresenta dois níveis: as representações (conceitos) e os valores. Eles ocorrem simultaneamente e abrangem todas as áreas, a subjetividade está em tudo que envolve o ser humano. As experiências subjetivas traduzem as criações do “espírito”.
Se os símbolos transmitem significados manifestos e encobertos, grande parte da literatura infantil e juvenil, tão carregada de símbolos, pode ser utilizada como propulsora de percepção de forças, impulsos, paixões primárias, como amor, ódio, ciúme, ambição, inveja, etc., vividas pela humanidade desde sua origem.
Para BETTELHEIM (1980) “os processos infantis inconscientes só se tornam claros para as crianças através de imagens que falam diretamente a seu inconsciente.” (op.cit. p.40). Enquanto se desenvolve a criança precisa aprender gradativamente a se entender melhor para poder entender os outros e assim estabelecer relações satisfatórias e significativas com ele.
COUTINHO (2007, p.60) diz que no setting arteterapêutico a pessoa encontra os meios necessários para a criação de imagens, que são mensageiras de símbolos, pelos quais se dá a comunicação de níveis psíquicos mais profundos com a consciência e que a compreensão das mensagens contidas nos símbolos abre a possibilidade do indivíduo se transformar e resolver situações de desequilíbrio. Para JUNG, apud COUTINHO (2007) uma palavra ou uma imagem só pode ser considerada como simbólica quando implica algo que está além do seu “significado manifesto ou imediato”.
PAÍN e JARREAU (2001, p.57) aborda que em função da ambiguidade dos materiais utilizados em atividades plásticas, durante o desenvolvimento das mesmas, muitas pulsões são estimuladas. Eles citam que “as leis da matéria constituem o real das experiências simbólicas frente ao qual o sujeito se rebela, manifesta sua raiva, luta, destrói, inventa novas estratégias, duvida, tenta, triunfando enfim.”
Linguagem Simbólica de Rosilene Fatima Vieira Lopes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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