RESUMO:
O presente artigo tem como
finalidade analisar a importância da educação especial para a formação e
desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down, especialmente nas séries
iniciais do Ensino Fundamental. Infelizmente, muitos professores acreditam que
a inclusão de alunos com Síndrome de Down em suas classes é preocupante e ficam
receosos a princípio. No entanto, a experiência revela que a maioria dos
professores possui as ferramentas necessárias para compreender as necessidades
específicas destas crianças e são capazes de ensiná-los de modo efetivo e com
sensibilidade. Neste sentido, este trabalho apresenta informações acerca do
perfil de aprendizado peculiar de uma criança
Down e boas práticas para sua educação no Ensino Fundamental, em direção a uma
inclusão bem-sucedida. A partir da pesquisa bibliográfica foi possível compor
um quadro visível das questões que conduzem o processo de inclusão da criança
Down na escola, inclusive levando a conhecer detalhadamente o caminho
percorrido por ela e também por todos aqueles que participam dessa
incansável batalha rumo a êxitos. A inclusão é necessária na educação, na
cultura, na sociedade, no coração. Quando isso ocorrer, será possível falar de
vida inclusiva, ou seja, de vida plena.
Palavras-chave: Síndrome de Down,
Alfabetização, Ensino Fundamental, Séries Iniciais.
ABSTRACT:
This article aims to analyze the importance of special education
for the training and development of children with Down syndrome,
especially in the early grades of
elementary school. Unfortunately, many teachers believe that the inclusion of students with Down syndrome in their classes is
disturbing and are afraid at first. However, experience shows that most teachers have
the tools necessary to understand
the specific needs of these children and are able to teach them effectively and with sensitivity.
Thus, this paper presents information about unique learning profile
of a child Down and
best practices for their education in elementary school, toward a successful inclusion. From the literature it was possible to compose a visible issues
that drive the process of inclusion of Down children
in school, including detailed knowledge
leading to the path taken by her and also by all
those who participate in this relentless
battle towards success.
Inclusion is needed in education, in culture, in society, in the heart. When this occurs, it will be possible to speak
of life inclusive, ie, full life.
Keywords: Down
syndrome, Literacy, Elementary
Education, Initial Series.
INTRODUÇÃO
Sempre existiu muito preconceito com relação à criança com Síndrome de
Down, que por um longo período foi avaliada como retardada, incapaz e, em
algumas sociedades, era vista até mesmo como monstro ou filha do demônio.
Entretanto, ainda hoje encontramos algumas distorções sobre o conceito de Down,
que é confundido com deficiente mental (SIQUEIRA, 2013).
Porém, agora já se sabe que tal síndrome está relacionada a uma alteração
genética e que seus portadores, apesar de apresentarem algumas dificuldades e
limitações, podem ter uma vida normal e realizar atividades cotidianas do mesmo
modo que qualquer outro indivíduo.
Segundo Augusto (2012), a partir
de estimulações adequadas, isto é, com um atendimento especializado, a criança
Down pode se desenvolver e realizar atividades cotidianas e até mesmo obter
formação profissional.
Schwartzan (2000, p. 34) afirma que, “Freqüentar a escola permitirá à
criança especial adquirir, progressivamente, conhecimentos cada vez mais
complexos que serão exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para
a formação de qualquer indivíduo”.
Entretanto, segundo Silva (2013), a
falta de atendimento especial, sobretudo na Educação Infantil, aliada à
carência de recursos e equipe qualificada, ao ambiente físico inadequado, à
ausência de novas propostas de ensino, à não continuidade de planejamento e
ações, e à não igualdade de recursos e oportunidades, acabam por dificultar o
acesso de muitas crianças especiais ao ensino especializado.
Assim sendo, o presente trabalho tem
como objetivo abordar justamente a questão da educação da criança com Síndrome
de Down, especialmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Propõe-se um conhecimento mais profundo sobre as crianças com Síndrome de
Down e suas habilidades e limitações, acreditando ser de grande valia para
familiares e profissionais da área de Educação, que poderão estimular a criança
de forma apropriada, possibilitando-lhe um amplo desenvolvimento. Também
almeja-se, apresentar técnicas inovadoras na educação da criança com Síndrome
de Down, que auxiliarão os procedimentos diante da criança; bem como rever o
papel do educador, que também precisa incorporar esta criança na comunidade e
trabalhar sua aceitação social e até mesmo a inserção no mercado de trabalho.
Deseja-se ainda enfatizar a importância da família no desenvolvimento da
criança.
É necessário que as escolas concentrem esforços para desenvolver as
potencialidades e capacidades do aluno, considerando os objetivos e estratégias
que lhe poderão ser mais proveitosos; independente se é escola comum ou
especial.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. A SÍNDROME DE DOWN
O que é Síndrome? Segundo Werneck
(1995, p. 34) “Síndrome é um conjunto de sinais que caracterizam um determinado
quadro clínico e pode ter várias causas”.
Conforme define Schwartzman (2000, p,
3), “A síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida durante
ou imediatamente após a concepção”.
Tal alteração genética é caracterizada pela presença extra do autossomo
21, isto é, em vez de apresentar dois cromossomos 21, o indivíduo possui três.
Esta alteração é denominada como trissomia simples (SILVA, 2013).
Porém, de acordo com Silva (2013), é possível encontrar outras alterações
genéticas que causam Síndrome de Down, como as provenientes de translocação,
onde o autossomo 21 extra, está ligado a outro autossomo. A alteração ainda
pode acontecer em virtude da proporção mutável de células trissômicas presente
ao lado de células cito geneticamente normais.
Todavia, estes dois tipos de alterações genéticas são menos frequentes do
que a trissomia simples. Tais alterações genéticas são advindas de
"defeito" em um dos gametas, que irão formar o indivíduo. Os gametas
deveriam conter somente um cromossomo e, dessa forma, a união do gameta materno
com o gameta paterno produziria um gameta
filho com dois cromossomos, como toda a espécie humana. Contudo, durante a
formação do gameta podem ocorrer alterações e, por meio da não-disjunção
cromossômica, que acontece durante o processo de reprodução, podem-se formar gametas com cromossomos duplos
que, ao se ligarem a outro cromossomo através da fecundação, produzem uma
alteração cromossômica (BISSOTO, 2013).
Tais alterações genéticas modificam todo o desenvolvimento e maturação do
organismo e até mesmo a cognição do sujeito com a síndrome; além de lhe
fornecerem outras características relativas a síndromes. Segundo Silva (2013),
geralmente, o indivíduo com Síndrome de Down é calmo, afetivo, bem humorado e
com prejuízos intelectuais, que podem apresentar grandes variações no que diz
respeito ao comportamento destes pacientes.
Na opinião de Silva (2013), a personalidade muda de pessoa para pessoa,
podendo apresentar distúrbios do comportamento, desordens de conduta e seu
comportamento pode variar com relação ao potencial genético e características
culturais, que determinam o comportamento.
O defeito físico traz consequências relevantes, no que diz respeito aos
processos psicológicos superiores, culturalmente desenvolvidos e, processos
naturais com as consequências psicossociais. Assim são estes processos mentais
superiores que devem ser o foco de desenvolvimento, em vez da compensação do
déficit sensorial ou físico (SILVA, 2013).
A aprendizagem de conceitos é um processo diferenciado nas crianças
especiais, sejam eles espontâneos ou científicos, pois estas crianças precisam
de situações formais de aprendizagem que a auxiliem a assimilar conceitos.
De acordo com Schwartzman (2000), a síndrome de Down é assinalada por
muitas alterações relacionadas, que são observadas em muitos casos.
As principais alterações orgânicas, que acompanham a síndrome são:
cardiopatias, prega palmar única, baixa estatura, atresia duodenal, comprimento
reduzido do fêmur e úmero, bexiga pequena e hiperecongenica, ventriculomegalia
cerebral, hidronefrose e dismorfismo da face e ombros (SCHWARTZMAN, 2000, p.
28).
Também podem ocorrer outras alterações, como: braquicefalia, fissuras
palpebrais, hipoplasia da região mediana da face, diâmetro fronto-occipital
reduzido, pescoço curto, língua protusa e hipotônica e distância aumentada
entre o primeiro, o segundo dedo dos pés, crânio achatado, mais largo e
comprido; narinas normalmente arrebitadas por falta de desenvolvimento dos
ossos nasais; quinto dedo da mão muito curto, curvado para dentro e formado com
somente uma articulação; mãos curtas; ouvido simplificado; lóbulo auricular
aderente e coração anormal (SILVA, 2013).
No que se refere às alterações fisiológicas, para Schwartzman (2000) diz
que é possível observar muita sonolência nos primeiros dias de vida e ainda,
dificuldade para acordar e dificuldades para sucção e deglutição. No entanto,
tais alterações irão sendo amenizadas no decorrer do tempo, conforme a criança
vai crescendo e se tornando mais alerta.
É muito comum, a criança com Síndrome
de Down apresentar grande hipotonia. Porém, a hipotonia geralmente também vai
sendo amenizada conforme a criança for crescendo e com treino muscular precoce.
É possível promover um acréscimo na ativação muscular através da estimulação
tátil (SCHWARTZMAN, 2000).
Nos casos de dificuldades de pronúncias e de desenvolvimento da
linguagem, terapias específicas podem ter êxito. O coração – mais de 40% das
crianças tem problemas cardíacos no momento do nascimento ou logo em seguida.
Um grande número de crianças tem morte prematura. A pele tem um aspecto
manchado e se torna seca com os anos. Os cabelos finos e ralos. As estaturas
são quase sempre menores do que as crianças normais (SMITH & WILSON, 1996).
Ao nascer, possuem as mesmas medidas das crianças consideradas normais.
Até os 4 anos, seu crescimento não difere muito dessas, porém, a partir dessa
idade há uma diminuição no crescimento. Crianças com 15 anos, têm altura de uma
criança de 8 – 9 anos. Na idade adulta, os homens medem em média 1,52m e as
mulheres 1,40m. O peso pode apresentar obesidade da segunda infância e da
adolescência (COSTA, 2010).
Segundo Costa (2010), com relação à saúde geral na infância, de 20 a 40%
dessas crianças não sobrevivem nos primeiros meses ou anos. Nota-se uma
propensão à infecção nos olhos, ouvidos, aparelho respiratório. Na
adolescência, o desenvolvimento sexual pode ser tardio e incompleto. São poucos
os que se casam, dizem que há uma diminuição da libido. Poucas mulheres com
Síndrome de Down deram à luz. Mais ou menos 50% dos filhos tiveram Síndrome de
Down, os demais foram normais. Os adultos com a Síndrome parecem envelhecer
mais rápido. O processo de envelhecimento se manifesta em primeiro lugar na
pele e depois na mucosa bucal, o que pode ocasionar perda prematura dos dentes.
As infecções respiratórias, enfermidades pulmonares, podem ser graves problemas
nos adultos e constituem causa potencial das mortes.
Conforme Silva (2013), também podem ser verificadas alterações
fisiológicas a partir do retardo no desaparecimento de alguns reflexos como o
de marcha, de preensão e de moro. Tal atraso é patológico e gera o atraso das
aquisições motoras e cognitivas características desta fase, visto que muitas
atividades dependem da desta inibição reflexa para se desenvolverem, como o
reflexo de moro, que é substituído pela marcha voluntária.
Silva ainda esclarece que, o sistema nervoso da criança com Síndrome de
Down possui falhas estruturais e funcionais, que produzem disfunções
neurológicas, que variam de intensidade e forma de manifestação. Segundo
Schwartzman (2000, p. 55), “nas crianças mais velhas foram observadas
anormalidades nos neurônios piramidais pequenos, especialmente nas camadas superiores
do córtex”.
Segundo Silva (2013), o processo de
desenvolvimento e maturação do sistema nervoso é um processo complexo, porém, a
criança com Síndrome de Down ainda se encontra no estágio fetal, já
apresentando alterações no desenvolvimento do sistema nervoso central.
Wisniewski (1990 apud SILVA, 2013), em
seus estudos, concluiu que até os cinco anos de idade, o cérebro das crianças
com Síndrome de Down é, em termos anatômicos, semelhante ao de crianças
normais, contendo somente diferenças de peso, que é menor que o considerado
normal. Isso acontece em razão de uma desaceleração do crescimento encefálico
que começa em torno dos três meses de idade.
Damasceno (1997) nos coloca que uma criança com Síndrome de Down possui
propensões espontâneas para melhorar, visto que seu Sistema Nervoso Central
permanece amadurecendo com o passar do tempo. Entretanto, este amadurecimento é
mais lento do que o visto nas crianças normais.
No parecer da Neuropatologia, consoante Lefévre (1985), a informação mais
relevante na Síndrome de Down é a desaceleração no desenvolvimento do Sistema
Nervoso Central. O cérebro tem menos volume e peso, principalmente nas zonas do
lóbulo frontal, tronco cerebral e do cerebelo. Provavelmente, as anomalias do
cerebelo são responsáveis pela hipotonia, ou seja, amolecimento dos músculos
encontrada em quase todos os casos.
1.2 A Etiologia da Síndrome de
Down
Segundo Smith e Wilson (1996), a Síndrome de Down ocorre durante o
desenvolvimento do óvulo e do espermatozoide no momento da fecundação. Ocorre
um erro que modifica o número correto de cromossomos próprios de cada célula do
embrião. Uma criança com Síndrome de Down nasce com um cromossomo a mais em
cada célula do organismo. E precisamente esse cromossomo adiciona é que motiva
as alterações físicas e mentais. As pesquisas revelam que um em cada 700/900
nascidos vivos são afetados (STEELE e STRATFORD, 1995 apud SCHWARTZAMN, 2000).
Até o momento não há cura. Trata-se de uma anomalia das próprias células,
“não existindo drogas, vacinas, remédios, escolas ou técnicas milagrosas para
curá-la” (BISSOTO, 2013, p. 10). Porém, muitos fatores podem favorecer o
desenvolvimento motor e intelectual do indivíduo com Síndrome de Down, como por
exemplo, os programas de estimulação precoce, que devem ser iniciados com 15
dias após o nascimento.
1.3 As Dificuldades de
Aprendizagem do Indivíduo com Síndrome de Down
De acordo com Silva (2013), a criança com Síndrome de Down possui idade
cronológica diferente de idade funcional. Assim sendo, não se deve esperar uma
resposta igual à das crianças "normais", que não manifestam
alterações de aprendizagem.
O fato de a criança não ter desenvolvido uma
habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente
a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para
adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente (SCHWARTZMAN,
2000, p. 245).
A
velocidade para aprender depende da intrincada adaptação dos processos
neurológicos e da harmoniosa evolução de funções específicas, como linguagem,
percepção, esquema corporal, orientação temporo-espacial e lateralidade
(VOIVODIA, 2004).
Com muita frequência, encontramos na criança com Síndrome de Down
alterações severas de internalizações de conceitos de tempo e espaço, que tornarão
difíceis muitas aquisições e repercute particularmente em memória e
planificação, além de dificultarem bastante a aquisição de linguagem (SILVA,
2013).
Segundo Voivodia (2004), crianças especiais, como as com Síndrome de
Down, não desenvolvem estratégias espontâneas e isto precisa ser levado em
consideração em seu processo de aprendizagem, visto que ela terá muitas
dificuldades para solucionar problemas e encontrar soluções sozinhas.
Outras deficiências que a criança com Síndrome de Down apresenta e trazem
dificuldades na aquisição da aprendizagem são: deficiências auditivas e
visuais; incapacidade de organização de ações cognitivas e condutas,
dificuldade de associação e programação de sequências (SOARES, 2007).
Para Silva (2013), tais dificuldades se devem, sobretudo, ao fato de que a
imaturidade nervosa e não mielinização das fibras pode prejudicar funções
mentais, como: habilidade para utilizar conceitos abstratos, percepção geral,
imaginação, memorização, relações espaciais, esquema corporal, habilidade no
raciocínio, estocagem do material aprendido e transferência na aprendizagem.
Essas deficiências prejudicam principalmente as atividades escolares.
Entre outras deficiências que acarretam repercussão
sobre o desenvolvimento neurológico da criança com síndrome de Down, podemos
determinar dificuldades na tomada de decisões e iniciação de uma ação; na
elaboração do pensamento abstrato; no calculo; na seleção e eliminação de
determinadas fontes informativas; no bloqueio das funções perceptivas (atenção
e percepção); nas funções motoras e alterações da emoção e do afeto
(SCHWARTZMAN, 2000, p. 248).
Porém,
a criança com Síndrome de Down é capaz de se desenvolver e realizar atividades
cotidianas e até mesmo alcançar formação profissional (DIAS, 2000).
No ponto de vista evolutivo, a
linguagem e as atividade como leitura e escrita podem ser desenvolvidas por
meio das experiências da própria criança (DIAS, 2000).
Quanto ao desenvolvimento motor, são frequentes as hipocinesias
relacionadas à falta de iniciativa e espontaneidade ou hipercinesias e
desinibição, o que também afetam a aprendizagem, visto que o desenvolvimento
psicomotor é a base da aprendizagem (SILVA, 2013).
As diversas alterações do sistema nervoso refletem em alterações do
desenvolvimento global e da aprendizagem. Não existe um padrão definido
previsível nas crianças com Síndrome de Down e o desenvolvimento da
inteligência não depende somente da alteração cromossômica, mas também de
estímulos vindos do meio (SILVA, 2013).
Entretanto, o desenvolvimento da inteligência é deficiente e geralmente
há um atraso global. As disfunções cognitivas apresentados pelo indivíduo com a
Síndrome de Down não são homogêneas e a memória sequencial auditiva e visual,
na maioria das vezes, são rigorosamente prejudicadas (SOARES, 2007).
2. A EDUCAÇÃO ESPECIAL
PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN
De
acordo com Voivodia (2004), a educação especial é uma modalidade de ensino que
tem como objetivo promover o desenvolvimento global de educandos com
deficiências, que precisam de atendimento especializado, respeitando as
diferenças de cada um, de forma a lhes garantir o pleno exercício dos direitos
básicos de cidadão e real integração social.
Possibilitar ao deficiente o desenvolvimento de suas capacidades abrange
o desenvolvimento completo de sua personalidade, a participação ativa na vida
em sociedade e no mundo profissional; são
objetivos centrais da educação especial e do mesmo modo que é preciso favorecer
o desenvolvimento bio-psiquico-social, também se deve promover uma aprendizagem
que conduza a criança com necessidades especiais a uma maior autonomia (SOARES,
2007).
A prática pedagógica adaptada às diferenças individuais vem sendo
incentivada dentro das instituições escolares do ensino regular. Entretanto,
exige metodologias, procedimentos pedagógicos, materiais e equipamentos
apropriados.
O educador especializado precisa dar valor às reações afetivas de seus
educandos e estar atento a seu comportamento global, para solicitar recursos
mais requintados como a revisão médica ou psicológica. E outro ponto
extremamente relevante é o fato de que o educador precisa considerar o educando
como um indivíduo inteligente, com desejos e afetividades que devem ser
respeitadas, visto que ele não é somente um ser que aprende (ALTON, 2007).
A educação especial atual é prevista
por lei e foi um direito conquistado paralelamente com os direitos humanos.
Assegurar o acesso à educação e permanência da escola exige a prática de uma
política de respeito às diferenças individuais.
A
criança com Síndrome de Down apresenta muitas fragilidades e limitações. Desse
modo, o trabalho pedagógico precisa, em primeiríssimo lugar, respeitar o ritmo da criança e proporcionar-lhe
estimulação apropriada para desenvolvimento de suas habilidades. Programas
precisam ser desenvolvidos e implementados conforme as necessidades especificas
das crianças (CUNNINGHAM, 2008).
Segundo Mills (apud SCHWARTZMAN, 2000), a educação da criança especial é
uma atividade complexa, visto que requer adaptações de ordem curricular que
exigem cuidadoso acompanhamento dos educadores e pais.
Frequentar a escola permitirá a
criança especial conquistar, gradualmente, conhecimentos cada vez mais complexos
que serão requeridos pela sociedade e cujas bases são imprescindíveis para a
formação de qualquer indivíduo (VOIVODIA, 2004).
De acordo com a psicogênese, o ser humano é avaliado como ferramenta
fundamental à interação e ação. E conforme explica Piaget (1980), o
conhecimento não deriva, originalmente, nem de um indivíduo consciente de si
mesmo, nem de objetos já formados e que a ele se imponham. O conhecimento é
resultado da interação entre os dois.
Nesse sentido, a escola precisa optar por uma proposta curricular
fundamentada na interação sujeito-objeto, abrangendo o desenvolvimento desde o
início.
E a aprendizagem das crianças com deficiências precisa acontecer de modo
sistemático e organizado, seguindo passos previamente determinados. O ensino
não precisa ser teórico e metódico, mas sim acontecer de maneira agradável
despertando o interesse na criança. Geralmente, o lúdico atrai muito a criança
na primeira infância, sendo um recurso bastante utilizado, visto que
possibilita o desenvolvimento integral da criança por meio da estimulação de
diferentes áreas (ALTON, 2007).
De modo geral, uma das maiores preocupações no que diz respeito à
educação da criança ocorre no período que vai desde o nascimento ao sexto ano
de idade. Nesta fase, a educação infantil objetiva permitir à criança maior
autonomia, experiências de interação social e adequação; possibilitando que ela
se desenvolva quanto a aspectos afetivos, volitivos e cognitivos, que sejam
espontâneas e antes de mais nada, que sejam "crianças" (SILVA, 2013).
De início, a criança adquire uma série de conhecimentos livres que lhe
permitirão desenvolver conhecimentos mais complexos, como o caso de regras
(SOARES, 2007).
Os conhecimentos precisam acontecer de maneira organizada e sistemática,
percorrendo um caminho com passos previamente determinados de forma lúdica e
divertida, que permite que a criança reúna um conjunto de experiências
integradas que lhe possibilite se relacionar contexto social e familiar (SILVA,
2013).
O atendimento à criança com síndrome de Down deve acontecer gradualmente,
visto que ela não é capaz de absorver grande quantidade de informações. Também
não se deve apresentar à criança com SD informações isoladas ou mecânicas,
devendo a aprendizagem acontecer de modo facilitado, por meio de momentos
prazerosos (ALTON, 2007).
É importante que o profissional incentive o desenvolvimento da
aprendizagem nas situações cotidianas da criança, e sua evolução gradual
precisa ser respeitada. Não é apropriado pular etapas ou exigir da criança
atividades que ela não consiga realizar, visto que isso não lhe trará
benefícios e ainda podem lhe gerar estresse (SILVA, 2013).
É usual perceber evolução desarmônica e movimentos estereotipados em
crianças com SD, que pode ser compensada a partir do planejamento psicomotor
bem conduzido, que lhe permite experiências primordiais para sua adaptação
(ALTON, 2007).
Para Voivodia (2004), a atividade
física na escola tem possibilitado a todas as crianças, normais e com
necessidades especiais, um grande desenvolvimento integral que será o
fundamento para as demais aquisições.
Resgatar a relevância do corpo e seus movimentos, do conceito de vida
vinculado a movimento, da retomada do sujeito como agente ativo na construção
de sua história, são propostos pela educação física (VOIVODIA, 2004).
O ser humano possui um corpo que está sobre seu domínio, cujas partes
constituem o indivíduo, e justamente pela integração de mente e corpo
reconstruímos os elos quebrados. Para que as aquisições aconteçam de modo
integro é necessário que um indivíduo vivencie experiências e por meio delas
elabore seus conceitos e internalize as informações adquiridas (SILVA, 2013).
Segundo Alton (2007), antes de conquistar qualquer conhecimento, a
criança deve descobrir seu corpo e conceber uma imagem corporal que é uma
representação mental, perceptiva e sensorial de si próprio e um esquema
corporal que envolve uma representação organizada dos movimentos indispensáveis
à realização de uma ação, e à organização das suas funções corporais, que são construídos
e reformulados no decorrer da vida.
Conforme Silva (2013, p. 08):
Funções
como capacidade de dissociar movimentos, individualizar ações, organizar-se no
tempo e no espaço e coordenação motora, servem de base para desenvolver
atividades especificas. Assim, são fundamentais as aquisições, a descoberta do
corpo e de seus seguimentos, relação do corpo com objeto, espaço entre corpo e
objeto, percepção dos planos horizontal e vertical, entre outras. São
fundamentais para a relação sujeito-meio, que será pano de fundo de todas as
aprendizagens.
As experiências com a relação de quantidade, qualidade e forma do
indivíduo determinará a qualidade da formulação de seus conceitos. Reduzindo as
atividades lúdicas na vida da criança, limitam-se suas experimentações, visto
que ela necessita interagir com a realidade fazendo uso de todos os seus sentidos e todo o seu corpo (SILVA, 2013).
É primordial ratificar o proposto pela educação física, que afirma, que
“o corpo não pode ser separado da mente e suas funções se completam os tornando
parte um do outro” (SILVA, 2013, p. 09). Dessa forma, sentir, aprender,
processar, entender, resolver problemas, são essenciais no processo de formação
da criança. É por meio do corpo que ela experimenta o mundo e o movimento é mediador
em suas construções (VOIVODIA, 2004).
A possibilidade que um corpo tem de se movimentar no espaço é ferramenta
fundamental para o desenvolvimento do intelecto e o corpo serve como órgão de
trabalho produtor de experiências. Explorar as possibilidades motoras de uma
criança desencadeia circuitos sensório-motores que estruturaram as relações que
ela produzirá no futuro. O processo formal da educação baseia-se em repassar
conceitos à criança sem conduzi-la à vivência e este é seu ponto falho, visto que
para internalizar uma informação não é suficiente apenas decorar conceitos, é
preciso participar da construção destes e desenvolver suas próprias ideias. A
criança precisa ser vista de maneira global e educá-la não é somente trabalhar
a mente, mas sim o global, envolvendo todos os aspectos, inclusive a interação
com o meio tendo contato direto com o universo de objetos e situações que o
rodeiam podendo dessa forma efetivar suas construções acerca da realidade
(ALTON, 2007).
Segundo Silva (2013), todas as atividades propiciadas à criança precisam
ter como finalidade a aprendizagem ativa que lhe permita desenvolver suas
habilidades.
Diante da grande mudança das habilidades e dificuldades da síndrome de
Down, programas individuais precisam ser levados em consideração, nos quais
ressalta-se as possibilidades de aprendizagem de cada criança e a motivação
necessária para o desenvolvimento da mesma. Para isso, o educador precisa
conhecer as diferenças de aprendizagem de cada criança de maneira a organizar
seu trabalho e programação didática (ALTON, 2007).
O professor de recursos precisa dar prioridade às atividades onde o aluno
com necessidades educativas especiais possui dificuldades e necessidade de
ajuda, servindo como seu tutor em suas classes e devendo cuidar para que
professores e alunos recebam os materiais e equipamentos didáticos adequados
(SOARES, 2004).
Algo decisivo para uma boa assistência a crianças com necessidades
especiais é não sobrecarregar a sala de recursos especiais para que o educador
consiga trabalhar adequadamente. E é primordial ainda, que o educador designado
esteja preparado para conseguir atender as necessidades de seus educandos e
trabalhar harmoniosamente com o educador da classe regular (SOARES, 2004).
De acordo com Silva (2013), alguns princípios básicos precisam ser
levados em consideração no que se refere ao ensino de crianças com necessidade
especiais, como é o caso da síndrome de Down:
·
As atividades precisam ser baseadas em coisas
concretas, para poderem ser manuseadas pelos educandos;
·
As experiências precisam ser adquiridas no
ambiente próprio do educando;
·
Situações que possam gerar estresse ou ser
traumatizantes precisam ser evitadas;
·
A criança precisa ser respeitada em todos os
aspectos de sua personalidade;
·
A família da criança deve participar do processo
intelectivo.
Na atualidade, conforme Silva (2013), a classe especial é a estratégia
mais indicada para o trabalho com crianças especiais, visto que possibilita a
sua integração na sociedade.
Segundo Voivodia (2004), é possível encontrar classes parcialmente
integradas, isto é, onde educandos e educadores passam parte do dia em classes
regulares e o restante do tempo em classes especiais. Este método é muito usado
no Ensino Fundamental II e possibilita que os deficientes participarem de aulas
regulares de arte, música, educação física, trabalhos práticos e economia
doméstica. Enquanto as matérias mais complexas como matemática, gramática,
ciências e outras são reservadas ao ensino especializado com professores
especiais.
Ainda é possível e usual observar escolas especiais, que trata-se de um
método também muito usado, sobretudo para crianças com incapacidades múltiplas.
Geralmente, tais escolas possuem condições significativas, instalações e
equipamentos especiais, contando com profissionais especialmente treinados, que
asseguram a assistência e a instrução destas crianças (ALTON, 2007).
Entretanto, as desvantagens da
escola especial são diversas. As principais são: ambiente muito segregado que
não contribui para a integração social; estigma da classe especial menor que o
da escola separada; o isolamento físico e social dos educandos da classe
especial e seu educador é colocado em nível inferior da escala de prestigio
profissional e o maior custo de instalações especiais e equipamentos para
várias salas de aula (VOIVODIA, 2004).
De
acordo com Gundersen (2006), os objetivos da educação nacional, declarados no
art. 1°. da Lei n°. 4.024/61, manifestam os ideais de liberdade, solidariedade
e valorização do ser humano, que precisam conduzir toda educação no País.
Dentro destes ideais, a Lei n°. 5.692/71, no seu art. 1°. determina o objetivo
geral do ensino, que consiste em permitir ao aluno a formação necessária ao
desenvolvimento de suas potencialidades e como agente de auto realização, na
qualificação para o trabalho e preparação para o exercício consciente da
cidadania (GUNDERSEN, 2006).
Nas palavras de Alves (2007, p. 12),
“o desenvolvimento, ampliação e especialização das possibilidades
psicomotoras da criança Down tornam possível que ela execute atividades
didáticas simples”, iniciando assim o processo de alfabetização, no qual o
educando está criando, elaborando conceitos para perceber a realidade e ordenar
o mundo que a cerca (ALVES, 2007).
Conforme Silva (2013), neste período, a participação do aluno é ativa e é
primordial que a escola desenvolva ao máximo, em todas as áreas, as
possibilidades do conhecimento, as habilidades atuais e futuras de aprendizagem
do educando com síndrome de Down.
O trabalho com o educando precisa se fundamentar no contato e interação
com o outro, e os eventuais complementos das atividades pedagógicas
desenvolvidas precisam ser informais, por meio de jogo e brincadeiras, da
relação com o colega e com o material apropriado. Dessa forma, de modo
agradável e prazeroso, o aluno vai desenvolvendo atividades físicas, emocionais
e cognitivas que permitem a elaboração do pensamento (ALTON, 2007).
Neste período, “a manutenção da fluidez e flexibilidade neuropsicológica
é fundamental para se evitar rigidez precoce, que acarreta a redução da
utilização de estratégias no âmbito da aprendizagem” (SCHWARTZMAN, 2000, p.
241).
É necessário que as escolas concentrem
esforços para desenvolver as potencialidades e capacidades do educando,
considerando os objetivos e estratégias que lhe poderão ser mais úteis,
independente do tipo da escola, se é comum ou especial. O mais
importante é que o educador desenvolva em salas de aula condições que lhe
possibilitem um melhor convívio em grupo e, para tanto, pode trabalhar as
dinâmicas de grupos cooperativos (SILVA, 2013).
De início, é relevante que a instituição escolar conheça todas as
dificuldades e habilidades de cada educando, visando promover suas necessidades
básicas para aprendizagem e desenvolvimento (VOIVODIA, 2004).
Segundo Voivodia (2004), busca-se identificar no aluno os rendimentos,
atitudes, motivação, interesse, relações pessoais, modo de executar tarefas e
enfrentar situações. Através dos resultados desta observação são planejadas as
adaptações voltadas ao apoio pedagógico, contribuindo para as aquisições por
meio de intervenções planejadas e organizadas em benefício de um objetivo
fundamental, que deve ser a organização dos fatores individuais e materiais que
permitirão novas aprendizagens. O trabalho pedagógico com tais alunos é um
processo complexo e resulta em uma dinâmica evolutiva fundamentada nas
capacidades do sujeito (VOIVODIA, 2004).
Conforme Alton (2007), alguns
pontos precisam ser considerados no que se refere à educação do indivíduo com
síndrome de Down.
·
Estruturar seu autoconhecimento;
·
Desenvolver a capacidade de expressão;
·
Progredir satisfatoriamente em desenvolvimento
físico;
·
Adquirir hábitos de bom relacionamento;
·
Trabalhar cooperativamente;
·
Adquirir destreza com materiais de uso diário;
·
Atuar em situações do dia a dia;
·
Adquirir conceitos de forma, quantidade, tamanho
espaço tempo e ordem;
·
Familiarizar-se com recursos da comunidade onde
vive;
·
Desenvolver interesses, habilidades e destrezas
que o oriente em atividades profissionais futuras;
·
Ler e interpretar textos expressos em frases
diretas;
·
Desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos
práticos que o levem a descobrir conhecimentos práticos que o conduzam a
descobrir valores que favoreçam seu comportamento no lar, na escola e na
comunidade.
De acordo com Soares (2007), no
que diz respeito à alfabetização, não existe um método orientado
especificamente para as crianças com síndrome de Down e cada criança exige um
modo de intervenção especifico, ao qual se adequa.
Nas
séries iniciais de alfabetização, o atendimento precisa abranger as
características específicas de cada educando, promover o desenvolvimento do seu
equilíbrio emocional, de sua autoconfiança, de sua capacidade de criação e
expressão, de condições essenciais à sua integração harmonia na sociedade.
Deverão, ainda, prepará-lo para a alfabetização, que se iniciará na sequência,
quando a criança for capaz de descrever objetos e ações; discriminar sons;
identificar semelhanças e diferenças entre sons iniciais e finais de palavras;
identificar símbolos gráficos; articular fonemas corretamente; combinar
elementos concretos para a formatação de conjuntos; organizar, perceptivamente,
sequências da esquerda para a direita; fazer uso de conceitos nas áreas de
relações temporo-espaciais; participar de atividades lúdicas; seguir e dar
instruções simples; estabelecer relações símbolos e significados; participar de
conversas; organizar ideias em sequência lógica; demonstrar controle muscular;
reconstruir ações passadas e prever ações futuras; demonstrar criatividade e
estabelecer pensamento crítico (SILVA, 2013).
É muito difícil para esses
educandos desenvolverem habilidades de leitura e escrita. Porém, esse processo
será mais fácil se for permitido à criança vivenciar, interagir e experimentar
(SOARES, 2007).
O educador deve propor-se a
utilizar um plano de curso que subsidiará o professor na elaboração do seu
planejamento em nível de turma, o que só pode ser feito com base no
conhecimento da realidade concreta dos seus alunos e dos meios de que dispõe
(ALTON, 2007).
As unidades propostas devem estar dentro de uma sequência evolutiva, os
objetivos integrados de cada unidade, assim como as atividades sugeridas, não
estão dispostas em sequência cronológica (ALTON, 2007).
Cada atividade sugerida leva à consecução de vários objetivos dos
domínios afetivos, cognitivos e psicomotor. Uma proposta curricular não pode
especificar todos os possíveis resultados de cada atividade sugerida. Cabe ao
educador explorar, no trabalho com o aluno, as possibilidades máximas de cada
experiência de aprendizagem (SOARES, 2007).
Para a consecução do objetivo
proposto, poderá ser desenvolvido um numero ilimitado de atividades. Foram
propostas apenas algumas, que devem sugerir ao professor várias outras
possibilidades. Em última análise, a sensibilidade e as experiências do
educador deverão orientá-lo na determinação da estratégia a ser adotada. Cabe a ele adequar as propostas deste
documento à realidade de sua sala de aula, de forma a proporcionar ao aluno
experiências de aprendizagem significativa que lhe oportunize a prática dos
comportamentos implicados nos objetivos (SOARES, 2007).
A proposta curricular deve ser desenvolvida em quatro etapas que se
desdobram em objetivos integradores (ALTON, 2007).
Segundo Alton (2007), a primeira etapa trata como objetivo principal o
corpo; na segunda visamos trabalhar "como me expresso"; na terceira
"minhas coisas"; e na quarta "meu mundo".
Na primeira etapa, onde trabalhamos o corpo, os objetivos principais
devem ser (ALTON, 2007):
· Identificar diferentes movimentos do seu corpo,
posicionando-se no espaço;
·
Identificar as diferentes partes do seu corpo e
suas funções correspondentes;
·
Orientar-se no tempo e no espaço;
·
Desenvolver hábitos de vida em grupo.
Segundo Alton (2007), na segunda
etapa, onde trabalhamos a expressão, os objetivos principais são:
·
Desenvolver a discriminação perceptual que o
habilita ao conhecimento e à comparação dos elementos do meio que o cerca;
·
Expressar suas necessidades, seus interesses e
sentimentos utilizam diferentes formas de linguagem;
·
Desenvolver funcionalmente seu vocabulário;
·
Formar hábitos e atitudes de relacionamento e
comunicação interpessoal.
Na terceira unidade, trabalhamos
os objetos e este tem função de integrador, os objetivos desta unidade são
(ALTON, 2007):
·
Descobrir propriedades comuns dos objetos;
·
Reconhecer a utilidade das diferentes coisas do
mundo;
·
Descobrir que as coisas se transformam;
·
Explorar o potencial dos objetos através de
experiências criativas;
·
Evidenciar a aquisições dos conceitos de
propriedades e cooperação.
De acordo com Alton (2007), na
quarta unidade, quando trabalhamos o mundo, os objetivos principais são:
·
Reconhecer que seu mundo é dinâmico e
diversificado;
·
Distinguir uma situação real de uma imaginaria;
·
Situar-se como pessoa, num mundo de pessoas;
·
Passar do egocentrismo à aceitação de
referenciais externos;
·
Ampliar perspectivas espaço-temporais;
·
Situar o mundo de pessoas numa área geográfica
determinada;
·
Identificar produções econômicas e culturais de
sua comunidade;
·
Reconhecer que o trabalho do homem modifica o
meio;
·
Preservar o ambiente e o equilíbrio entre seus
diversos elementos;
·
Reconhecer a importância da vida em grupo;
·
Representar seu mundo criativamente.
Para a implementação desta
proposta curricular, visando a eficiência do trabalho que levará à conquista
dos objetivos perseguidos, torna-se necessário que os recursos estejam
disponíveis e o educador seja capacitado. Além disso, o ambiente deve ser
capacitado a instalar uma classe especial (ALTON, 2007).
O educador deve também integrar o
aluno com Síndrome de Down na comunidade e trabalhar sua aceitação social e até
mesmo a absorção em um mercado de trabalho (ALVES, 2007).
2.2.1
Fatores que Facilitam o Aprendizado
De acordo com Soares (2007), o que pode facilitar o aprendizado da
criança com Síndrome de Down é o forte reconhecimento visual e habilidade
visual de aprendizado, incluindo:
·
Habilidade de aprender e usar sinais, gestos e
apoio visual;
·
Habilidade para aprender e usar a palavra
escrita;
·
Imitação de comportamento e atitudes dos colegas
e adultos;
· Aprendizado com currículo prático e material e com
atividades de manipulação.
Segundo Soares (2007), os fatores que podem inibir o aprendizado da
criança com Síndrome de Down são:
·
Desenvolvimento tardio de habilidades motoras,
tanto fina quanto grossa;
·
Dificuldades de audição e visão;
·
Dificuldade no discurso e na linguagem;
·
Déficit de memória auditiva recente;
·
Capacidade de concentração mais curta;
·
Dificuldade com a consolidação e retenção de
conteúdo;
·
Dificuldade com generalizações, pensamento
abstrato e raciocínio;
·
Dificuldade em seguir sequências.
2.3 Inclusão Social
Segundo Alton (2007), o objetivo primordial para qualquer criança de 5
anos entrar na escola é a inclusão social. Como com qualquer criança, é muito
mais difícil progredir nas áreas cognitivas até que ela seja capaz de se
comportar e interagir com os outros de maneira socialmente aceitável e entender
e responder apropriadamente ao ambiente que a cerca. Todas as crianças com
Síndrome de Down se beneficiam em se misturar com colegas com desenvolvimento
típico. Muitas vezes eles ficam felizes em agir como os colegas e geralmente os
usam como modelos para o comportamento social apropriado e motivação para
aprender. Este tipo de experiência social, quando existe a expectativa de que
as outras crianças se comportem e consigam fazer coisas de acordo com sua faixa
etária, é extremamente importante para as crianças com Síndrome de Down, que
geralmente tem um mundo mais confuso e menos maduro social e emocionalmente.
Mesmo assim, muitas delas precisam de ajuda adicional e apoio para aprender as
regras para o comportamento social apropriado. Elas não aprendem facilmente de
forma incidental e não pegam as convenções intuitivamente como seus colegas.
Elas vão levar mais tempo do que seus colegas para aprender as regras. O foco
principal da ajuda adicional nos primeiros anos deve ser aprender as regras do
comportamento social adequado. Com esse objetivo, Alton propõe as seguintes
estratégias:
·
Reconhecer as principais rotinas do dia.
·
Aprender a participar e responder
apropriadamente.
·
Responder a perguntas e instruções dadas
oralmente.
·
Aprender a respeitar a vez de cada um, dividir,
dar e receber.
·
Aprender a fazer fila.
·
Aprender a sentar no chão na hora da rodinha.
·
Aprender comportamentos apropriados.
·
Aprender as regras da escola e da classe, tanto
as formais quanto as informais.
·
Trabalhar independentemente.
·
Trabalhar em cooperação com os outros.
·
Fazer e manter amizades.
·
Desenvolver de habilidades de autoajuda e
tarefas práticas.
·
Tomar conta, se preocupar com os outros.
2.4 Apoio
Segundo Gundersen (2006), a maior parte dos alunos com Síndrome de Down
vai precisar de apoio adicional. Porém, o tipo de apoio que a criança recebe
pode ter um enorme impacto na efetivação da inclusão.
De acordo com Gundersen (2006), a seguir, são apresentadas algumas
atitudes que são esperadas do profissional de apoio.
No que diz respeito à criança:
·
Aumentar o acesso ao currículo e ao
desenvolvimento do aprendizado.
·
Garantir que a criança aprenda novas
habilidades.
·
Ajudar a desenvolver a independência.
·
Ajudar a desenvolver habilidades sociais,
amizades e comportamento apropriado para a idade.
No que diz respeito ao professor:
·
Ajudar a modificar ou adaptar tarefas planejadas
pelo professor.
·
Dar
informações mais detalhadas sobre o desempenho do aluno ao professor.
· Dar oportunidade ao professor de trabalhar
individualmente com uma criança com
Síndrome de Down ou em grupo enquanto assume o lugar do professor.
Também é muito importante que o professor de apoio seja visto como
pertencendo a toda classe, dando ajuda a todas as crianças que necessitarem, e
não como propriedade da criança com Síndrome de Down. Desta maneira, outras
crianças da classe se beneficiam com o apoio
extra. O professor nunca deve abdicar
de sua responsabilidade pela criança com Síndrome de Down (SOARES, 2007).
METODOLOGIA
Como metodologia, procurou-se chegar a um levantamento de
informação sobre o tema interligando uma pesquisa com características de uma
abordagem qualitativa, exploratória e bibliográfica.
Segundo Gil (2001), é qualitativa por buscar informações
sobre o objeto de estudo que neste caso é a Síndrome de Down. Exploratória por
envolver levantamento bibliográfico, experiência prática e análises que
estimulam a compreensão, e Bibliográfica por utilizar fontes de bibliografia já
publicadas como (livros, revistas, artigos, teses, etc.).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação especial é decisiva no processo de estimulação inicial e cabe
ao educador de classes especiais trabalhar seus educandos, levando-os a
desenvolverem suas capacidades para práticas das atividades diárias, a
participarem das atividades em família, a desenvolverem seu direito de
cidadania e até mesmo a uma atividade profissional. Para tanto, são necessários
profissionais especializados e cuidados especiais, com o intuito de facilitar e
permitir um maior rendimento e desenvolvimento educacional das crianças com
Síndrome de Down.
Dessa forma, a relevância da estimulação vem da grande necessidade que a
criança tem de vivenciar experiências que possibilitarão seu desenvolvimento,
respeitando suas deficiências e explorando suas habilidades.
Neste sentido, esse estudo proporciona aos familiares ampliar suas
possibilidades de observação e intervenção, visando aprimorar a aprendizagem de
seus filhos, que são crianças especiais, que possuem dificuldades como qualquer
outra criança, e que também são capazes de vencer suas dificuldades e se
desenvolverem de forma satisfatória.
No entanto, a educação brasileira caminha de modo lento. Já se observa a
relevância de se educar e dar a efetiva oportunidade às crianças com
deficiência, e já se sabe que elas têm as mesmas necessidades básicas, tanto no
aspecto de sobrevivência, como no de estima. Porém, consequentemente, a pessoa
com deficiência vive em constante ajustamento, tendo sua vida pautada por uma
contínua busca de aprender, almejando, como todo indivíduo, fazer algo que lhe
promova a sensação de realização.
A pessoa com deficiência tem o mesmo valor como indivíduo e certa
capacidade de auto realização que lhe permite alcançar o limite máximo de seu
potencial. É preciso que o mesmo seja visto como um indivíduo cujo
comportamento é afetado tanto por suas próprias forças quanto por forças
externas.
Assim sendo, os profissionais da educação envolvidos com o processo de
inclusão, precisam desenvolver propostas que abranjam o processo inclusivo em
todos os aspectos, vendo a si próprios e se engajando para uma nova
perspectiva, nascendo assim, uma consciência de cidadania.
Aceitar a inclusão é,
antes de mais nada, aceitar que vivemos em uma sociedade onde as diferenças são
reais e precisam ser respeitadas.
A inclusão só deixará de ser um sonho, quando todos os indivíduos com
algum tipo de deficiência tiverem de fato as mesmas oportunidades, seja na
educação ou no trabalho, em todas as áreas em que a sociedade nos permite
estar.
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Incluindo Alunos com Síndrome de Down no Ensino Fundamental. In: Down’s Syndrome Association. Tradução
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VOIVODIA, M.
A. Inclusão escolar de crianças com
Síndrome de Down. São Paulo: Vozes, 2004.
WERNECK, C. Muito prazer, eu existo. Rio de
Janeiro: WVA, 1995.
Autora: Edith de Oliveira Silva
Pedagoga Especialista em Psicopedagogia
Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental
Coordenadora Pedagógica na rede municipal de Vargem Grande Paulista
Contadora de estórias e grande incentivadora da leitura.